MOÇAMBIQUE: “O sofrimento continua”, diz D Juliasse, que tomou posse como Bispo de Pemba, pedindo ajuda para Cabo Delgado

MOÇAMBIQUE: “O sofrimento continua”, diz D Juliasse, que tomou posse como Bispo de Pemba, pedindo ajuda para Cabo Delgado

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MOÇAMBIQUE: “O sofrimento continua”, diz D Juliasse, que tomou posse como Bispo de Pemba, pedindo ajuda para Cabo Delgado

Segunda-feira · 23 Maio, 2022

D. António Juliasse tomou posse como Bispo de Pemba no sábado, 21 de Maio, na véspera de a Igreja assinalar o centenário da evangelização missionária em Cabo Delgado.

A questão dos deslocados, a destruição causada pelos ataques terroristas em Cabo Delgado e a necessidade de o mundo não se esquecer desta região tão pobre de um dos mais pobres países do mundo, são algumas das prioridades de D. António Juliasse que hoje, segunda-feira, 23 de Maio, vai inaugurar e entregar ao governo dois centros de saúde construídos com o apoio do Papa Francisco para os deslocados de Montepuez e de Chiure.

Falando em exclusivo para a Fundação AIS, o prelado sublinhou que a sombra da violência terrorista continua a fazer-se sentir, e que isso significa incerteza face a quaisquer planos para a diocese e para a região. “Em termos do futuro, ainda temos a situação de deslocados e ainda não se sente que estamos isentos do terrorismo no nosso território”, diz D. Juliasse, retomando uma expressão que começa a ser como que uma ‘imagem de marca’ do Bispo na defesa desta região de Moçambique: “alerto o mundo para que não se esqueça de Cabo Delgado”.

MOÇAMBIQUE: “O sofrimento continua”, diz D Juliasse, que tomou posse como Bispo de Pemba, pedindo ajuda para Cabo Delgado
D. António Juliasse tomou posse como Bispo de Pemba no sábado, 21 de Maio.

O prelado pede a atenção de todos, sabendo que existem no mundo outros conflitos, outras guerras, agora bem mais mediatizadas, como a que ocorre na Ucrânia, em plena Europa, mas ali, na região de Pemba, os pobres continuam pobres e o que foi destruído continua por reconstruir. Por isso, toda a ajuda continua a ser fundamental.

“Cabo Delgado ainda está com o problema de terrorismo e precisa da presença de todo o mundo, tanto na ajuda humanitária como também na busca de soluções conjunturais para que Moçambique encontre e estabilize a paz e possa, portanto, também cultivar os caminhos de progresso, porque sem a segurança, sem o fim de conflitos, sem estabilidade, o país não pode encontrar caminhos para o desenvolvimento. Que o mundo não se esqueça desta situação de Cabo Delgado…”

O terrorismo começou a deixar as suas marcas no final de 2017. Desde então, calcula-se que cerca de três mil pessoas tenham sido mortas e mais de 800 mil foram forçadas a deixar casas, terras, tudo o que possuíam. São os deslocados de Cabo Delgado. Foi a pensar neles que o Papa Francisco deu uma ajuda para a construção dos dois centros de saúde que serão inaugurados hoje, dia 23 de Maio. Só o campo de deslocados de Montepuez, um dos que viu ser construído um centro de saúde, tem cerca de 2700 famílias de deslocados. Também Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, se associou a este projecto tendo a sua contribuição pessoal permitido a aquisição de equipamentos e mobiliário.

Toda a ajuda é importante até porque as necessidades são muitas e os meios para o apoio a estas populações permanecem muito escassos. D. Juliasse sabe bem disso. Daí que coloque uma forte ênfase na solidariedade para com a Igreja de Cabo Delgado. “Eu, como um bispo, gostaria de contar com a contribuição de todos para que o sofrimento do Povo de Cabo Delgado encontre o seu fim e comece agora a conhecer os caminhos para o desenvolvimento”, disse à Fundação AIS.

Os ataques terroristas têm deixado uma profunda marca de destruição e de angústia nas pessoas. Muitos dos ataques foram brutais e chegaram a ser manchete no mundo inteiro. Aldeias dizimadas, populações chacinadas com brutalidade, por vezes degoladas, Igrejas destruídas. Nada escapou aos homens que se dizem militantes do Daesh, o grupo terrorista Estado Islâmico.

“Nós temos paróquias praticamente destruídas, temos sacerdotes que estão a viver em condições difíceis, porque abandonaram as suas missões sem terem levado nada, temos aqui crianças, idosos e outros com situações de muita necessidade, e nós não podemos conseguir fazer isso sozinhos”, reconhece o Bispo de Pemba.

A Fundação AIS tem sido um dos principais apoios da Igreja de Moçambique face à violência terrorista. D. António Juliasse Ferreira Sandramo faz questão também de o dizer e de o sublinhar agora que assume formalmente os destinos da Diocese de Pemba. “A Ajuda à Igreja que Sofre é uma fundação muito amiga de Cabo Delgado e de Moçambique e de África. Tem feito imensa ajudas e graças a essas ajudas nós, como igreja, também temos tido possibilidades de trabalhar e chegar até aos cristãos e de sermos um instrumento válido na evangelização. E quero continuar a renovar o pedido para que se abram as portas da Fundação AIS para nos apoiar em Cabo Delegado, porque o sofrimento ainda continua.”

E acrescenta: “A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre tem sido uma mão amiga e valiosa e quero agradecer a todos quantos colaboram para a AIS seja um instrumento de ajuda para os povos mais necessitados no mundo inteiro”. “Que Deus abençoe a todos os que contribuem para esta Fundação.”

A situação em Moçambique é acompanhada em permanência pela Fundação AIS. Ainda no passado mês de Fevereiro, foi publicada uma pequena revista com um apelo a todos os benfeitores e amigos da instituição em Portugal para auxiliarem a Igreja Católica neste país africano. “Moçambique conta consigo, vamos ajudar?”, foi o mote dessa campanha baseada nos testemunhos recolhidos pela equipa da Fundação AIS que esteve neste país africano em Novembro do ano passado e que atestou a importância do trabalho solidário da Igreja junto das populações mais afectadas pela pobreza e violência terrorista.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso, num esforço de deslegitimação do jihadismo, tal será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres. As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas.

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