MOÇAMBIQUE: “O país reclama verdade e justiça”, diz Bispo de Tete apelando à oração pela paz para dia 24

As eleições de 9 de Outubro em Moçambique ficaram “manchadas pela fraude e pelo engano”, reconhece D. Diamantino Antunes, em mensagem enviada para a Fundação AIS. O Bispo de Tete lamenta que o país tenha caído na violência após o rescaldo eleitoral e apela à mobilização de todos os fiéis para uma jornada de oração convocada pela Igreja para este domingo, 24 de Novembro. Entretanto, e como também lembra o Bispo, em Cabo Delgado o terrorismo continua activo. Ainda recentemente, ocorreu mais um ataque a uma aldeia, com 14 mortos, incluindo crianças…

A contestação ao resultado das eleições gerais e presidenciais de 9 de Outubro tem conduzido Moçambique para uma situação preocupante de violência, com manifestações a serem reprimidas fortemente pelas autoridades, havendo há um balanço trágico de várias dezenas de mortos e muitos feridos.

O clima de tensão não parece abrandar e a Igreja convocou para este domingo, dia 24, uma grande jornada de oração pela paz. A situação é grave, já levou até o Papa Francisco a apelar “ao diálogo e à tolerância”, mas teme-se o eclodir de novos confrontos e violência. Os Bispos moçambicanos, reunidos em Assembleia Plenária, convocaram os fiéis católicos “e cidadãos de todas as crenças” para uma jornada de oração pela paz. É já dia 24 de Novembro.

D. Diamantino Antunes, em mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa, recorda que os bispos analisaram a situação de crise que se está a viver e deixaram um apelo a todos os moçambicanos. “Reflectimos sobre a crise pós-eleitoral vivida em Moçambique. Lamentando a perca de vidas humanas e a destruição de bens durante os dias de protesto, exortamos a todos a não perder a fé no caminho da democracia, da justiça e da paz, procurando soluções justas e efectivas para combater os males de que enferma a nação”, diz o prelado, apelando à participação de todos na jornada de oração convocada pela Igreja para domingo, dia 24.

Diante da crescente tensão sociopolítica sentimos a necessidade de mobilizar os fiéis católicos e cidadãos de todas as crenças numa jornada de oração de modo a sensibilizar para a situação do país que terá lugar no Domingo, 24 de Novembro. Queremos que seja um forte e unido clamor por paz, justiça e reconciliação.

NÃO ESQUECER NUNCA CABO DELGADO

Na mensagem, D. Diamantino Antunes faz questão de recordar que toda esta violência que tomou de assalto algumas das principais cidades moçambicanas, não pode fazer esquecer que no norte do país, na província de Cabo Delgado, continua activa uma insurgência terrorista por parte de grupos armados que reclamam pertencer ao Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico.

Ainda nos últimos dias ocorreram diversos ataques, sendo que o mais grave foi no domingo, dia 17, a uma aldeia no distrito de Ancuabe. Os terroristas invadiram a aldeia de Nacuale e terão disparado indiscriminadamente sobre os habitantes. Relatos de sobreviventes falam num “massacre”, com cerca de 14 mortos, “incluindo crianças”.

Dias antes houve também ataques nos distritos de Muidumbe e Meluco, com pelo menos duas pessoas que terão sido decapitadas. “Em Cabo Delgado continua a travar-se uma guerra terrorista”, lembra o Bispo. “São semeadas destruições e mortes violentas. A continuação deste desumano sofrimento é inaceitável e frustra o sonho de sermos uma nação de paz, concórdia e independente, justa e solidária”, acrescenta D. Diamantino. “Por isso, perante a situação grave em que se encontra Moçambique, devemos juntar todos os esforços para encontrar os caminhos de solução a estas desgraças que estamos vivendo, não confiando unicamente no uso da força militar”, acrescenta, deixando uma nota de agradecimento pela solidariedade desde sempre manifestada pela Fundação AIS para com a Igreja moçambicana.

“Continuamos a contar com a mão sempre pronta a ajudar dos amigos e benfeitores da Associação Ajuda à Igreja que Sofre. Obrigado pela vossa oração e pela vossa ajuda material. O nosso país merece a verdade, a paz, a tranquilidade e a tolerância”, diz ainda o Bispo de Tete, terminando a sua mensagem com um derradeiro apelo à oração pela paz: “Rezemos pela paz, sejamos artífices de justiça e testemunhas da verdade”.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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