MOÇAMBIQUE: Missionários alertam para nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado “com grande destruição”

Vários missionários alertam a Fundação AIS que os grupos armados que actuam na região de Cabo Delgado estão novamente muito activos, com ataques bastante violentos em várias aldeias, “com muita destruição e muita gente em fuga”. Numa altura em que as atenções estão viradas para as manifestações de contestação ao resultado das eleições de 9 de Outubro, a violência terrorista parece continuar imparável no norte de Moçambique.

“Houve ataques em várias aldeias no posto administrativo de Mazeze, de facto queimaram casas, queimaram a escolinha, fizeram uma grande destruição”, relata frei Boaventura à Fundação AIS. O missionário explica que “o povo está novamente em fuga, saindo do distrito de Mazeze e das aldeias em redor e indo para o distrito de Chiúre”.

Nos últimos dias têm circulado diversas notícias que dão conta de ataques violentos com a morte de dezenas de pessoas, inclusivamente de alguns cristãos que terão sido decapitados. Uma religiosa, que por razões de segurança não pode ser identificada, confirma que “se fala na morte de 21 pessoas, dos quais 4 cristãos, e que houve decapitações, sim, mas não só de cristãos”. De qualquer forma, não é possível ainda “confirmar ou desmentir” estes relatos.

Por sua vez, uma missionária leiga contactada pela Fundação AIS refere que houve, de facto, “dois grandes ataques”, e que se “contabilizaram 21 mortos na aldeia de Nacuale, no distrito de Ancuabe, e um em Magaia”. Esta missionária refere ainda que circula a informação de que “houve num grande recrutamento” de terroristas nos últimos tempos. Apesar da dificuldade na confirmação do número exacto de vítimas, a religiosa sintetiza a situação dizendo que se está a viver em Cabo Delgado “um drama humanitário que atinge a todos, não apenas os cristãos”.

“DESTRUIÇÃO E MORTES VIOLENTAS…”

A ameaça terrorista em Cabo Delgado é muito preocupante e a Igreja tem sido uma das vozes mais activas na denúncia desta situação, também para que a comunidade internacional não se esqueça destas populações que desde Outubro de 2017 são vítimas dos grupos armados que reivindicam pertencer ao Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico.

Ainda recentemente, o Bispo de Tete reafirmava essa preocupação numa mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa.

Em Cabo Delgado continua a travar-se uma guerra terrorista”, lembrou D. Diamantino Antunes. “São semeadas destruições e mortes violentas. A continuação deste desumano sofrimento é inaceitável e frustra o sonho de sermos uma nação de paz, concórdia e independente, justa e solidária.

“Por isso, perante a situação grave em que se encontra Moçambique, devemos juntar todos os esforços para encontrar os caminhos de solução a estas desgraças que estamos vivendo, não confiando unicamente no uso da força militar”, acrescentou, deixando uma nota de agradecimento pela solidariedade desde sempre manifestada pela Fundação AIS para com a Igreja moçambicana. “Continuamos a contar com a mão sempre pronta a ajudar dos amigos e benfeitores da Associação Ajuda à Igreja que Sofre. Obrigado pela vossa oração e pela vossa ajuda material.”

RELATÓRIO DA FUNDAÇÃO AIS

A situação em Cabo Delgado está em destaque no mais recente Relatório da Fundação AIS sobre a perseguição aos cristãos no Mundo. O documento, “Perseguidos e Esquecidos?”, que foi lançado em Lisboa no passado dia 20 de Novembro, elucida que já no início do corrente ano se verificou “um recrudescimento dos ataques do autoproclamado Estado Islâmico em Moçambique”, sendo descritos alguns dos incidentes mais graves, como em Fevereiro, em que foram incendiadas “18 igrejas no distrito de Chiúre”, e em que os terroristas foram avançando para sul tendo levado a cabo “a maior campanha sustentada contra os Cristãos da região”.

Nessa ocasião, foram divulgadas imagens de igrejas destruídas pelas chamas, tal como diversos símbolos cristãos “incluindo crucifixos”, o que permite concluir que “as redes sociais do EIM [Estado Islâmico de Moçambique] realçaram a dimensão religiosa” dessa campanha de terror.

Ao longo do ano foram ocorrendo diversos episódios de violência que, como agora se constata pelas informações recolhidas pela Fundação AIS, continua activa em Cabo Delgado. Desde 2017, os ataques armados já causaram mais de cinco mil mortos e mais também de 1 milhão de deslocados internos.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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