MOÇAMBIQUE: Missionário fala em “muita agitação” após ataque reivindicado pelo ISIS a aldeias cristãs

MOÇAMBIQUE: Missionário fala em “muita agitação” após ataque reivindicado pelo ISIS a aldeias cristãs

O ataque no dia 30 de Dezembro a duas aldeias no distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, foi reivindicado pelo ISIS-Moçambique. Os terroristas colocaram nas suas redes sociais algumas fotos destes ataques, nomeadamente a Namade, descrevendo-a como um “povoado habitado por cristãos”, e referindo ter havido combate com as “milícias cristãs”, obrigando-as a fugir, capturando e executando sumariamente um dos seus membros antes de incendiar as casas.

Frei Boaventura, que está precisamente na região norte de Moçambique, confirma à Fundação AIS estes ataques e fala numa “situação de muito agito [agitação], muita perda, com muitos deslocados dessas aldeias”, pessoas que, entretanto, se colocaram em fuga.

O religioso, que pertence ao Instituto da Fraternidade dos Pobres de Jesus, explica, em mensagem de voz enviada para Lisboa, que, de facto, “no dia 30 de Dezembro houve sim uma invasão dos malfeitores no distrito de Muidumbe em duas aldeias”.

“Eles invadiram e começaram a queimar casas e houve um combate com a força local, que são pessoas locais que estão armadas, que têm armas à sua disposição e que podem combater”, explicou ainda.

De facto, em várias aldeias, face à impossibilidade de as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique patrulharem todas a vasta região de Cabo Delgado, onde os terroristas têm actuado principalmente, têm surgido grupos de locais, por vezes antigos membros da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana], que passaram a assumir a própria defesa das casas e das populações.

No caso em concreto dos ataques às aldeias de Muidumbe, Frei Boaventura confirma que são, de facto, como reivindicam os terroristas, povoados essencialmente cristãos.

“Muidumbe como toda [a região] é muito cristã. Como na região norte, grande parte, era cristã. Muidumbe era o centro, um pouco mais forte do cristianismo. Então, supõe-se que esses todos são cristãos, mas não podemos dizer, enfatizar, essa questão do combate com cristãos, nem mesmo usar que são milícias cristãs, porque são forças locais que envolvem todo o tipo de pessoas, talvez praticantes ou não-praticantes, católicos ou não católicos, cristãos ou não.”

O que se pode garantir, diz frei Boaventura, é que houve combates, confrontos entre terroristas e forças locais, e mortos. Os ataques acabaram por provocar também mais uma onda de deslocados na região, agravando a situação humanitária já de si muito preocupante, tanto mais que agora se começa a viver agora a época das chuvas.

São pessoas em fuga, por vezes famílias inteiras, “num tempo chuvoso, estradas complicadas, de difícil acesso, em aldeias em que o povo já tinha praticamente voltado um pouco para o normal”, explica frei Boaventura. Tudo isto veio trazer “novamente o medo nas pessoas, nas famílias”, acrescenta.

A Igreja de Moçambique tem constantemente procurado alertar o mundo para a questão do terrorismo e as suas consequências para a vida das populações, muito pobres, forçadas a fugir.

Ainda recentemente, a 11 de Novembro, numa nota pastoral, os Bispos deste país africano de língua oficial portuguesa, lembravam que “as acções violentas” começaram há mais de cinco anos e que os ataques continuam a alastrar-se, “incluindo já as províncias do Niassa e de Nampula”.

São semeadas destruições e mortes violentas de crianças, mulheres e homens inocentes e pessoas de boa vontade como foi a Irmã Maria de Coppi, assassinada a 6 de Setembro último, no ataque à Missão Católica de Chipene, Diocese de Nacala. A continuação deste desumano sofrimento é inaceitável e frustra o sonho de sermos uma nação de paz, concórdia e independente, justa e solidária”, escrevem os prelados moçambicanos na Nota Pastoral.

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

Relatório da Liberdade Religiosa

Embora os líderes cristãos e muçulmanos continuem a denunciar a violência e a promover o diálogo inter-religioso, num esforço de deslegitimação do jihadismo, tal será insuficiente se não forem abordadas as desigualdades sociais e económicas subjacentes que afectam os jovens, especialmente nas regiões mais pobres. As perspectivas para a liberdade religiosa continuam a ser desastrosas.

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