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MOÇAMBIQUE: “Histórias de terror” que chegam de Cabo Delgado colocam país como “prioridade máxima” para a AIS
“Quase semanalmente chegam de Moçambique novas histórias de terror”, afirma Ulrich Kny, responsável pelos projectos da Fundação AIS para países de África. Estas “histórias de terror” são sinal também do agravamento da crise humanitária que se está a viver em Cabo Delgado, a província situada a norte deste país lusófono e que tem sido palco de ataques terroristas.
Ulrich afirma mesmo que, para a Fundação AIS, Moçambique é um país de “prioridade máxima”. O objectivo é socorrer o maior número possível de pessoas, dar resposta aos pedidos de ajuda que chegam de Cabo Delgado. “Qualquer forma de auxílio ajuda a aliviar o sofrimento desta gente oprimida e desenraizada”, diz o responsável da AIS, sublinhando a importância do papel que a Igreja Católica tem desempenhado nesta província.
“A Igreja em Moçambique é uma âncora de esperança e caridade num mar de sofrimento e violência”, diz Ulrich Kny face às consequências devastadoras dos ataques por grupos armados desde Outubro de 2017 e que têm reivindicado, desde há alguns meses, a associação ao Daesh, o grupo terrorista ‘Estado Islâmico’.
De acordo com as Nações Unidas, no final do ano passado havia já mais de 670 mil deslocados e mais de dois mil mortos. O responsável da Fundação AIS lamenta que esta realidade passe despercebida “em grande parte pela comunidade internacional”, apesar “de o país estar a sofrer catástrofes humanitárias, umas trás das outras…”
Além das consequências dos ataques terroristas, Moçambique está a enfrentar também a epidemia de Covid19. E se numa primeira fase, o seu impacto foi “relativamente suave”, agora, esclarece Ulrich, a situação agravou-se. “O número de pessoas infectadas disparou em Janeiro e é alarmante como o número de mortes aumentou.”
Além disso, e tal como o Padre Edegard Silva já tinha referido à Fundação AIS na semana passada, há também um número crescente de pessoas com cólera, em parte devido às condições catastróficas de higiene em que se encontram milhares de pessoas deslocadas.
A Fundação AIS tem procurado desde a primeira hora ajudar o esforço da Igreja local no apoio às populações deslocadas, tendo concedido uma primeira ajuda de emergência no valor de 160 mil euros. “Graças a este apoio, os padres e as irmãs conseguem distribuir comida aos refugiados”, relata Kny.
Foi também iniciado um outro projecto para prestação de assistência psicossocial aos refugiados, pessoas que estão profundamente traumatizadas e que vivem um sofrimento inimaginável resultante dos ataques terroristas e de todas as situações que presenciaram. Mais de 120 pessoas receberam formação psicológica em Pemba para o acompanhamento destes casos.
A Fundação AIS também tem prestado ajuda de subsistência aos sacerdotes e irmãs, bem como tem financiado a formação de seminaristas e de religiosas, além de outros projectos relacionados com as necessidades mais prementes da vida da igreja em Moçambique.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt