JERUSALÉM: “Com as feridas ainda a sangrar, não é altura para falar de política”, afirma o Patriarca Latino.

O Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, encontrou-se com uma delegação da Fundação AIS em Jerusalém, nesta quarta-feira, 17 de Julho, e expressou a sua gratidão pela ajuda recebida.

A situação na Terra Santa continua dramática, sem perspectivas de melhoria a curto prazo. Neste contexto, o Patriarca Latino de Jerusalém, Cardeal Pizzaballa, apelou aos cristãos para que fizessem uma pausa nas discussões políticas e rezassem em conjunto.

Num encontro com uma delegação da Fundação AIS Internacional, que se encontra na Terra Santa para manifestar a sua solidariedade para com os cristãos da região e acompanhar projectos de ajuda à Igreja local, o Patriarca explicou que a situação “está tão polarizada que, se estivermos perto dos palestinianos, os israelitas sentem-se traídos e vice-versa”.

Quando falo do sofrimento em Gaza, os hebreus católicos falam-me das zonas afectadas pelos atentados de 7 de Outubro e, por outro lado, os palestinianos só pensam em Gaza. Todos querem ter o monopólio do sofrimento.”

O Patriarcado Latino de Jerusalém está dividido em seis vicariatos: Jordânia, Israel, Chipre e Palestina – incluindo a Cisjordânia e Gaza. Para além disso, existem dois outros vicariatos: um para os católicos de língua hebraica, com cerca de mil fiéis, e outro para os migrantes e requerentes de asilo, com dezenas de milhares. “Temos católicos do vicariato de língua hebraica a servir no exército em Gaza e católicos a serem bombardeados em Gaza. Não é fácil”, sublinhou o Patriarca durante o encontro. “Temos de pôr a política de lado, unirmo-nos, rezarmos juntos”, acrescentou. “Mas agora, quando as feridas estão a sangrar, não é altura para falar de política. Reconhecer o sofrimento do outro não é tão fácil quando se está a sofrer”, disse o Patriarca.

PRESENÇA CONSTRUTIVA DA IGREJA

A solução, segundo o Cardeal Pizzaballa, não é uma falsa neutralidade, mas, ao mesmo tempo, é importante que a Igreja não seja arrastada para o conflito. “Estão sempre a dizer-me que tenho de ser neutro. Venham comigo a Gaza, falem com a minha gente que perdeu tudo e depois digam-me que devo ser neutral. Isso não funciona. Mas não podemos fazer parte do confronto político, nem do confronto militar, nem do confronto”, explica o cardeal. E acrescenta: “A nossa presença deve ser uma presença construtiva, mas não é fácil encontrar o caminho certo”.

O Patriarcado está a fazer tudo o que pode para ajudar a pequena comunidade cristã em Gaza, mas a situação é tão instável que isso é extremamente difícil. A ajuda pode demorar semanas a chegar à região e a realidade no terreno é tão instável que é impossível fazer planos a longo prazo. “É muito difícil fazer qualquer coisa pelo futuro de Gaza, mas ainda temos prioridades”, diz o Patriarca. “Todas as escolas foram destruídas ou utilizadas como abrigos. As crianças já perderam um ano de escolaridade, mas as famílias querem educação, por isso estamos a tentar introduzir caravanas que sirvam de escolas. Mas temos de encontrar professores e trabalhar com o que resta das autoridades palestinianas.”

A TAXA DE DESEMPREGO MAIS ELEVADA

Ao contrário do que grande parte do mundo pensa, Gaza não é a única crise na Terra Santa. “Toda a gente está concentrada em Gaza, onde está a ser cometido um verdadeiro crime e a situação é catastrófica, mas a situação na Cisjordânia é também dramática, diz o Cardeal Pizzaballa. “A maioria dos cristãos dependia do turismo e agora não há trabalho para os peregrinos e os que trabalhavam em Israel já não têm autorização para entrar. Estamos a assistir à maior taxa de desemprego da história, 78% entre os cristãos em particular”, explicou o Cardeal Pizzaballa à equipa da Fundação AIS Internacional.

A AJUDA DA FUNDAÇÃO AIS

A Fundação AIS apoia projectos na Terra Santa há muitos anos, mas a ajuda aumentou consideravelmente após os ataques de 7 de Outubro, que conduziram à guerra actual e foi mesmo uma das primeiras organizações a prestar assistência ao Patriarcado Latino. “Jerusalém e a Terra Santa são sempre lugares difíceis para viver”, explica o Patriarca.

“São maravilhosos, porque foi aqui que nasceu o Cristianismo, mas são também muito duros, especialmente neste período de guerra, em que estamos a enfrentar muitos desafios. Quero expressar os meus agradecimentos à Ajuda à Igreja que Sofre e a todos os seus benfeitores por ajudarem a nossa Igreja a continuar a viver através de actividades pastorais, apesar da emergência”, disse aos representantes da fundação pontifícia. “Esta proximidade e presença concreta entre nós é uma bênção, assim como o apoio e a solidariedade da Igreja universal para com a Igreja Mãe de Jerusalém”, acrescentou o Cardeal Pizzaballa.

Embora a Fundação tenha prestado ajuda de emergência e financiado um programa de criação de emprego, o Cardeal Pizzaballa sublinhou que continua a ser particularmente importante que a AIS esteja disposta a ajudar a financiar mais programas pastorais para reforçar a fé das pessoas.

Vós estais presentes quando as coisas se tornam difíceis. Nas actividades pastorais, nos campos de férias e noutras actividades para as quais nem sempre é fácil angariar fundos. Muitas vezes, as pessoas que ajudam querem ver o seu nome numa placa, mas a ajuda na formação não pode ser reconhecida numa placa comemorativa.”

Filipe d’Avillez | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Durante o período em análise, os líderes cristãos apelaram de forma sem precedentes a soluções justas e à paz e queixaram-se dos ataques à comunidade cristã, especialmente em Jerusalém por radicais judeus, que muitas vezes ficam impunes por parte das autoridades israelitas.
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