Mais de 1700 jovens participaram na semana passada, entre quinta-feira e sábado, num enorme festival promovido pela Igreja e que se realizou perto de Erbil, no chamado Curdistão Iraquiano.
O Encontro da Juventude de Ankawa reuniu jovens provenientes de quase todo o país e revelou uma enorme capacidade de mobilização da Igreja numa altura em que o Iraque está a ser sacudido por uma enorme crise política, desde a demissão do poderoso clérigo muçulmano Muqtada al-Sadr, que deu origem a tumultos, especialmente nas ruas da capital, Bagdade, e que se saldaram até ao momento em dezenas de mortos e de feridos.
O contraste não podia ter sido mais significativo. Enquanto se viviam dias de tensão na capital iraquiana, em Ankawa os jovens rezavam no que é considerado como o maior encontro do género em todo o Médio Oriente.
A iniciativa, que deu os primeiros passos em 2013, tem o apoio da Fundação AIS e incluiu, além da celebração da missa, retiros, seminários e momentos de debate, tendo havido ainda espaço para confissões, catequese e educação cristã.
O Padre Dankha Joola, vice-reitor da Universidade Católica em Erbil e um dos organizadores do festival, explicou à Fundação AIS que este evento é “fundamental” para a recuperação da Igreja no Iraque após os tempos negros, entre 2014 e 2016, da ocupação da Planície de Nínive, período em que os jihadistas do Daesh aterrorizaram não só as comunidades cristãs como os yasidis, duas das minorias religiosas presentes na região.
“Podemos dizer que estamos aqui, existimos, e temos um papel a desempenhar neste país, e isso é tão importante quando se pensa no quanto sofremos nos últimos anos”, disse o sacerdote, que fez questão de agradecer também toda a ajuda da fundação pontifícia para que o festival pudesse ter ocorrido. “Quero agradecer a todos na AIS por ajudarem a concretizar este evento porque, ao apoiá-lo, estão a encorajar as pessoas a ficarem aqui e a testemunharem a nossa fé.”
Não é fácil hoje, como não tem sido fácil, a vida dos cristãos no Iraque. Mesmo depois da expulsão dos terroristas das terras bíblicas, o regresso a casa das famílias forçadas a fugir pela chegada dos “homens de negro” continua a ser um processo complexo e demorado. O Padre Joola confirma que os tempos são difíceis, mas os cristãos estão determinados a resistir. “Sim, temos problemas no nosso país, sim, temos conflitos, mas temos Jesus Cristo. Temos uma cultura única que queremos manter viva”, disse o sacerdote à Fundação AIS.Universidade Católica em Erbil
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