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INDONÉSIA: Padre descreve atentado à catedral de Makassar no Domingo de Ramos e diz que a ameaça aos cristãos vai continuar
“Um dos seguranças reparou em dois indivíduos [que seguiam] num motociclo e tentavam entrar no espaço [exterior] da igreja. No assento traseiro da mota seguia uma mulher vestida de preto, com o rosto coberto por completo com um véu. O agente de segurança achou isto suspeito e conseguiu evitar que os dois entrassem no recinto da catedral. Pouco depois, deu-se a explosão….” Foi assim, segundo o Padre Wilhelminus Tulak, que se deu o atentado de 28 de Março, Domingo de Ramos, na catedral do Sagrado Coração de Jesus de Makassar, capital da província Indonésia de Sulawesi.
Tal como a Fundação AIS noticiou nesse dia, o atentado causou cerca de duas dezenas de feridos e a morte dos dois terroristas. O Padre Tulak reconhece, em declarações à Fundação AIS, ter sido uma sorte não haver um balanço mais sinistro entre os seus paroquianos. “Estou grato pelo facto de ninguém da nossa comunidade ter perdido a vida ou ter ficado gravemente ferido”, diz o sacerdote. De facto, como explicou, por causa das restrições impostas pela pandemia do coronavírus, o número de fiéis era menor do que o habitual numa celebração tão importante do calendário litúrgico.
Segundo as autoridades, o atentado foi executado por uma célula do grupo terrorista Jamaah Ansharut Daulah, considerado como um ramo local do Daesh, o “Estado Islâmico”. Trata-se, na opinião do Padre Franz Magnis-Suseno, um jesuíta nascido na Alemanha, de “um pequeno grupo marginal”. Este sacerdote disse à Fundação AIS não acreditar que este grupo venha a ser “eliminado, apesar de a polícia antiterrorista da Indonésia estar em seu encalce por todo o lado”.
Aos 84 anos, o Padre Franz, que leccionou em várias universidades da Indonésia, é reconhecido como especialista das questões religiosas da Indonésia e diz não ter ficado “surpreendido” com a ocorrência deste ataque terrorista a uma Igreja Católica. Na Indonésia, que é a nação muçulmana mais populosa do mundo, a coexistência entre religiões costumava ser razoavelmente pacífica, apesar do aumento de expressão de tendências mais radicais, especialmente após a derrota militar dos jihadistas no Iraque e na Síria.
De facto, no Relatório de 2018 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a Fundação AIS apontava já para um potencial agravamento da ameaça contra os cristãos. “Se isto continuar – pode ler-se no texto do relatório sobre a Indonésia –, as minorias religiosas do país apenas podem enfrentar perigos crescentes.” No entanto, segundo o Padre Magnis-Suseno isto não representa uma tendência geral. Sinal disso, não só as principais organizações muçulmanas da Indonésia, bem como o ministro da Religião e o Presidente do país, Joko Widodo, condenaram “de forma rápida e contundente” o ataque na Catedral de Makassar, explicou o sacerdote jesuíta à Fundação AIS
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