GUINÉ EQUATORIAL: “Chegamos a caminhar dois dias pela floresta para chegar a uma capela”, diz padre claretiano

“Chegamos a caminhar dois dias pela floresta para chegar a uma capela”, diz padre claretiano

É um dos mais pequenos países de África, mas tem uma enorme riqueza que se esconde no seu subsolo, especialmente petróleo e gás natural. No entanto, apesar disso, cerca de 70% da população da Guiné Equatorial vive abaixo do limiar da pobreza. Neste que é também um dos países mais negligenciados do continente africano, a Igreja desempenha um papel essencial junto dos que passam mais necessidades. É o caso do Padre Celedonio Obama, um missionário claretiano pároco num dos bairros mais pobres da capital, a cidade de Bata.

Há muitas maneiras de se falar da Guiné Equatorial. Foi o único país da África subsaariana colonizado por Madrid, tem três línguas oficiais, o espanhol, o inglês e, desde 2011, também o português, e é, apesar de ser um território relativamente pequeno, um grande produtor de petróleo. Mas tem muitas outras riquezas, desde o gás natural, passando por grandes reservas de ouro, urânio e diamantes, mas também madeira. Além disso, produz cacau e café.

Por tudo isto, a Guiné Equatorial poderia ser um país próspero, mas a verdade é que cerca de 70% da sua população vive abaixo do limiar da pobreza. Uma realidade chocante que ganha ainda mais dimensão pelo facto de o país ter o dirigente mais antigo em exercício em todo o mundo.

Teodoro Obiang Mguema Mbasogo está no poder desde 1979, na sequência de um golpe de estado, e nestes quase 40 anos têm-se somado relatos de abusos de direitos humanos.

Um missionário num bairro pobre

No meio de tudo isto, a Igreja tem desempenhado um papel absolutamente essencial no apoio às populações mais carenciadas, aos mais negligenciados da sociedade. É o caso do Padre Celedonio Obama, um missionário claretiano que é pároco em Tobo, um dos bairros mais pobres da cidade de Bata, a capital da Guiné Equatorial.

Celedonio foi entrevistado no programa “Perseguidos, mas não esquecidos”, da Fundação AIS de Espanha, na Rádio Maria, e falou dos muitos desafios que se colocam à Igreja para a realização do seu trabalho pastoral. O acesso às comunidades que vivem nas zonas mais remotas é um exemplo disso.

Se não tivermos transportes, as coisas ficam muito, muito difíceis. Há lugares onde, até hoje, caminhamos dois dias pela floresta para chegar a uma capela”

Um barco oferecido pela AIS

A questão das acessibilidades é de facto muito relevante neste país de não se pense que é só uma questão de falta de estradas. É que a Guiné Equatorial, além da zona costeira com o Oceano Atlântico, tem diversos rios de dimensão significativa e que são usados para o transporte de pessoas e de mercadorias.

Por isso, foi muito importante para a Igreja local ter recebido recentemente um barco, graças à solidariedade dos benfeitores da Fundação AIS. Esse barco, diz o padre claretiano, “deu-nos vida, [pois] permite-nos chegar às comunidades ribeirinhas… Estamos muito agradecidos”.

Ainda recentemente, explica, o barco foi usado durante a festa de Nossa Senhora do Carmo, transportando a imagem mariana numa procissão no mar que foi acompanhada por numerosos fiéis.

Aposta nos mais jovens

O facto de grande parte da população da Guiné Equatorial ser muito pobre significa que o clero vive também com enormes dificuldades. “Estamos a ‘matar-nos’ agora, dando muitas aulas [em escolas secundárias e universidades] apenas para sobreviver”, comenta o Padre Obama. Mas, apesar de todas as dificuldades, “o trabalho pastoral está a correr muito bem”, assegura o missionário, dando conta, por exemplo, do que está a ser feito com os mais novos.

A paróquia de Tobo, situada num dos bairros mais pobres da capital da Guiné Equatorial, vai desenvolvendo inúmeras actividades, desde encontros, aulas de catequese, palestras e excursões. 

Temos de nos movimentar para apoiar os jovens”

“Nunca duvidemos de Deus”

Na conversa com a Fundação AIS, o Padre Obama falou também um pouco de si, de como descobriu, em jovem, a sua vocação seguindo o exemplo dos missionários claretianos que visitavam a sua casa. “A presença dos padres em minha casa encorajou-me muito”, diz, confessando estar “profundamente grato” ao seu pai por ter aceitado bem a sua vocação para o sacerdócio, por ser filho único.

Desde esses tempos, em que se enamorou por Deus pela primeira vez, até aos dias de hoje, o Padre Celedonio Obama guarda no seu coração a certeza de que “se nos ajudarmos uns aos outros podermos ir longe”. Uma certeza que nasce na fé e cresce na oração. “Nunca duvidemos de Deus. Sempre venceremos se Ele estiver connosco.”

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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