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GUINÉ-BISSAU: Sociedade guineense chora a morte de D. Pedro Zilli e lembra-o como homem de paz, construtor de pontes
D. Pedro Carlos Zilli morreu na quarta-feira, 31 de Março, aos 66 anos de idade. Não resistiu ao Covid 19 depois de ter sido testado positivo a 9 de Março. Estava internado no Hospital de Cúmura, perto da cidade de Bissau. Todos recordam o prelado brasileiro como um homem bom, bem-disposto, construtor de paz e de diálogo. Uma das últimas iniciativas públicas em que participou, no dia 4 de Janeiro, foi precisamente um momento de oração pela paz na Guiné-Bissau e no mundo. Foi um encontro inter-religioso que promoveu em Empada.
O Presidente da República, Sissoco Embaló, recordou D. Carlos Zilli pelo seu trabalho em favor do país, que adoptou como seu, e disse “estar convencido de que o saudoso bispo de Bafatá deixa memórias de dedicação e que os guineenses vão saber honrar a sua memória, promovendo e reforçando o seu espírito de diálogo, de reconciliação e de oração para que Deus abençoe a Guiné-Bissau”. Também a comunidade Islâmica lembrou o prelado pelo seu trabalho em favor da paz e da unidade nacional.
Ordenado Bispo há vinte anos, era um amigo da Fundação AIS. Há um ano, em Abril de 2020, D. Pedro Carlos Zilli fazia um retrato preocupante mas também cheio de esperança da forma como a pandemia do coronavírus estava já a afectar a vida das populações na antiga colónia portuguesa.
Numa mensagem enviada para a Ajuda à Igreja que Sofre, o Bispo de Bafatá procurava explicar como era difícil conciliar a necessidade de confinamento das populações com a realidade de um país onde predomina uma economia informal. Lembrando que a Guiné-Bissau é “um dos 10 países mais pobres do mundo”, D. Carlos Zilli explicava que as pessoas não tinham dinheiro “para comprar o peixe, a carne…” e nem sequer conseguiam conservar os alimentos, pois a maioria das casas “nem tem luz eléctrica, frigorífico, nada”. “Então, as dificuldades são enormes. Às vezes na mesma casa moram muitas pessoas…” Para contrariar essas dificuldades, o Bispo explicou que era necessário seguir e apoiar as indicações das estruturas da Igreja e das autoridades de saúde, destacando a importância que a rádio diocesana desempenha no país ao nível da comunicação.
Essa rádio que D. Pedro Carlos Zilli referiu na mensagem, é um exemplo prático da solidariedade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre para com a Guiné-Bissau. A emissora católica tem sido desde a primeira hora um instrumento essencial para a evangelização, conseguindo, após a aquisição de novos transmissores, em 2012, graças ao apoio da AIS, que as suas emissões passassem a chegar mesmo aos lugares mais recônditos do país.
Oriundo do Paraná, Brasil, D. Pedro Carlos Zilli foi missionário em terras africanas por mais de 35 anos. Nessa mensagem, o prelado destacou também o facto de a pandemia do coronavírus estar a aproximar as pessoas, independentemente até pertencerem a religiões diferentes. Um sentimento de unidade que se gerou agora perante a sua morte, tão precoce, com apenas 66 anos de idade.
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