EXCLUSIVO: “O cativeiro marcou-a muito”, diz o irmão de Glória Narvaez Argoti, descrevendo as conversas entre os dois

EXCLUSIVO: “O cativeiro marcou-a muito”, diz o irmão de Glória Narvaez Argoti, descrevendo as conversas entre os dois

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EXCLUSIVO: “O cativeiro marcou-a muito”, diz o irmão de Glória Narvaez Argoti, descrevendo as conversas entre os dois

Quarta-feira · 27 Outubro, 2021

A religiosa franciscana Glória Narvaez Argoti foi libertada no dia 9 de Outubro após quatro anos, oito meses e dois dias em cativeiro às mãos de um grupo jihadista no Mali. A notícia da sua libertação foi recebida com particular júbilo na Colômbia, o seu país, e muito particularmente em Pasto, a pequena cidade onde nasceu e onde vivem ainda os seus familiares.

O seu irmão, o professor Edgar Argoti, conseguiu falar com ela ainda no próprio dia 9. Foi uma conversa muito, muito breve. Foi a própria irmã a fazer a chamada. Em exclusivo para a Fundação AIS, o professor Edgar conta como foram essas conversas, esses primeiros diálogos após tão longa e dolorosa separação. A segunda chamada telefónica não aconteceu no domingo, como tinham combinado, mas no dia seguinte, segunda-feira, 11 de Outubro.

“Telefonou-me às 10h da noite [9 de Outubro], penso que lá no Vaticano eram 5h da manhã. Falámos muito pouco, dois minutos no máximo, porque nos ligou para saber como estávamos, como estava a família e depois estava um pouco cansada e disse que ligava no dia seguinte. Aí já falámos quase meia hora. Fez muitas perguntas sobre as tias e a família. Em quatro anos aconteceram muitas coisas, morreram muitas pessoas, duas tias, irmãs da minha mãe, já doentes. Aconteceram muitas coisas e foi disto que falámos. De resto quase não falámos. Disse que estava a ligar do Vaticano, da Casa de Santa Marta, ao lado do Papa Francisco.”

EXCLUSIVO: “O cativeiro marcou-a muito”, diz o irmão de Glória Narvaez Argoti, descrevendo as conversas entre os dois
A religiosa franciscana Glória Narvaez Argoti foi libertada no dia 9 de Outubro.

Na mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa, Edgar Argoti explica que a sua irmã está “a fazer exames rigorosos, físicos e psicológicos”, e explica o óbvio: “foram quase cinco anos de cativeiro e isso marcou-a muito”. Nas breves conversas entre os dois, o professor Edgar percebeu que a sua irmã tem muito para aprender sobre o que aconteceu no mundo durante o tempo em que esteve refém num acampamento algures no deserto no meio de jihadistas. “Ela não está actualizada sobre nada, não sabe usar um telemóvel, nem usar o tweet ou o watsapp, nada disso. As irmãs estão a explicar-lhe e a ensinar-lhe como se utiliza um telemóvel com Internet… Além disso, lá [no Mali] não houve Covid, por isso explicaram-lhe que mata muita gente e que temos de usar máscara e vacinar-nos…”

Glória Narvaez Argori já foi vacinada. A segunda dose deverá ser ministrada já na Colômbia, em meados de Novembro. Um regresso a casa que já está a ser preparado e que vai ficar seguramente na memória da religiosa franciscana. “Daqui a um mês, se Deus quiser, temos de tratar do passaporte, porque perdeu todos os documentos e está a tratar disso em Roma com o embaixador, que está a ajudá-la para a tratar dos documentos para que possa regressar. Na Colômbia tem as irmãs à sua espera. Vai haver uma recepção muito grande, com um programa cultural, com baile e danças e tudo, e depois virá para minha casa, para descansar e conversar, e já me contará mais tranquilamente todos os detalhes do rapto e tudo o que se relacionar com isso”, descreve Edgar Argoti na mensagem gravada para a Fundação AIS.

Até agora, entre os dois, praticamente não se falou do rapto, nem dos dias em cativeiro. Apenas houve tempo para se conversar sobre a família, os amigos em comum. Daqui a um mês haverá oportunidade para se colocar todas as conversas em dia. Até lá, é preciso ainda recuperar física e emocionalmente, explica Edgar Argoti à Fundação AIS. “Ela está muito alegre. O rosto vai tomando outra forma e vão desaparecendo as queimaduras do sol e está a usar cremes. Estão a ajudá-la a recuperar emocional e fisicamente. E está a actualizar-se com o mundo… e está muito agradecida, muito agradecida.”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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