Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em que se celebravam os 80 anos da organização, o Arcebispo Paul Richard Gallagher, alertou para o facto de a perseguição religiosa afectar actualmente mais de 360 milhões de cristãos. O chefe da delegação da Santa Sé disse, no discurso divulgado pelo Vaticano, que esses cristãos “são submetidos a severas perseguições, incluindo violência física, prisão, deslocamento forçado e martírio”.
O Arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, pediu à comunidade internacional que faça mais para acabar com a perseguição aos cristãos em todo o mundo. Falando na 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 29 de Setembro, o Arcebispo Gallagher declarou – segundo o Vatican News – que os Cristãos são o grupo religioso mais perseguido globalmente e que a comunidade internacional “parece ignorar” esta realidade.
Depois de afirmar que a liberdade de pensamento, consciência e religião são pilares da paz, o chefe da delegação da Santa Sé afirmou que “a perseguição às minorias religiosas, particularmente aos cristãos, persiste globalmente”.
Cristãos em todo o mundo são submetidos a severas perseguições, incluindo violência física, prisão, deslocamento forçado e martírio. Mais de 360 milhões de cristãos vivem em áreas onde sofrem altos níveis de perseguição ou discriminação, com ataques a igrejas, lares e comunidades que se têm intensificado nos últimos anos. Dados mostram que os cristãos são o grupo mais perseguido globalmente, mas a comunidade internacional parece ignorar esta situação.”
Arcebispo Paul Richard Gallagher
Nenhum Estado ou sociedade – advertiu –, deve obrigar a agir contra a própria consciência. Central neste contexto é mesmo o diálogo inter-religioso: não uma mera troca de ideias, mas “um caminho compartilhado rumo ao respeito mútuo, à justiça e à paz”.
Apelo à paz da Ucrânia ao Sudão
No seu discurso, o Arcebispo Paul Gallagher fez também um forte apelo à paz e enumerou alguns países onde é urgente fazer cessar a violência. Da Ucrânia ao Médio Oriente, do Sudão à República Democrática do Congo e a outros cenários de conflito, nomeadamente na região do Caribe e no Sudeste Asiático, o caminho, indicou, continua a ser o do diálogo, do multilateralismo e do desarmamento, até porque a escalada das tensões, juntamente com a crise climática em curso, provoca o aumento das desigualdades e da pobreza.
Afirmando a Santa Sé como “a voz dos que não têm voz”, o responsável defendeu que se tem de promover “um mundo em que a paz prevaleça sobre os conflitos, a justiça triunfe sobre as desigualdades, o Estado de Direito substitua o poder e a verdade ilumine o caminho para o autêntico bem-estar humano”.
Erradicação da fome e da pobreza
O Secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais referiu que o valor vertiginoso dos gastos globais com armamento perpetua “ciclos de violência e divisão”, e alertou que alguns países estão a abandonar os compromissos internacionais firmados anteriormente e que isso acontece numa altura de crescente tensão e em que existem mais de 12 mil ogivas nucleares no mundo.
Outro “pilar” da paz é o respeito ao direito internacional humanitário. A sua violação — com ataques a civis, hospitais, escolas e locais de culto — constitui um “grave crime de guerra”. E a isso soma-se também o uso da fome como arma. Aliás, a erradicação da fome da pobreza são, disse Paul Richard Gallagher, “uma obrigação moral”, tendo citado o Santo Padre que se referiu a esta realidade como uma tragédia “ainda mais triste e vergonhosa quando percebemos que a terra é capaz de produzir alimentos suficientes para todos os seus humanos”.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt