BURQUINA FASSO: Neste país marcado pela violência jihadista, há uma rádio católica que aposta no diálogo entre religiões

Kaya é uma das dioceses onde é mais acentuada a violência de grupos jihadistas que querem impor a todo o país um Islão radical. A perseguição aos cristãos no Burquina Fasso é impiedosa, mas em Kaya existe uma rádio católica que aposta no diálogo entre religiões e que é, por isso, semente de paz. O diálogo é um antibiótico, talvez o único, contra o cancro do terrorismo…

O terrorismo é como um cancro. Chega, insidioso, instala-se em silêncio, vai corroendo, corroendo. Muitas vezes, é fatal. Tem sido assim no Burquina Fasso. Até 2014 este país de África era conhecido como um modelo de coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos. Até que começaram os primeiros ataques, as primeiras mortes, as primeiras pessoas em fuga, os primeiros campos de refugiados e de deslocados. Para se combater este cancro, é importante promover o diálogo inter-religioso. É isso que faz o padre Alexis Ouedraogo, o director da Rádio Notre Dame, a rádio de Nossa Senhora de Kaya, cujas emissões são apoiadas pela Fundação AIS.

Uma vez por mês, a rádio recebe um convidado especial: o Iman Ibrahim, que lidera a comunidade muçulmana da cidade de Kaya, é acolhido pelo padre Alexis. Ao participar na rádio, o Iman ajuda a desmontar ideias de ódio e isso é essencial no combate ao terrorismo.

“Este terrorismo que temos visto no Burquina Fasso desde há algum tempo e manifesta-se através de ataques a locais de culto. A sua estratégia desde o início é dividir o povo do Burquina e fazê-lo lutar entre si”, explica o padre Alexis à Fundação AIS.

O meu papel é fortalecer o diálogo entre membros de diferentes denominações religiosas. Este diálogo de vida, para mim, é a nossa convivência diária. Isto pode levar-nos a estabelecer relações uns com os outros e a prestar serviço mútuo, ajudando-nos assim a ser solidários.

APROXIMAR AS PESSOAS DE DEUS

Pode parecer pouco o que faz a rádio, mas é muito. O terrorismo no Burquina Fasso tem empurrado este país para a miséria e o sofrimento. Calcula-se que cerca de 2 milhões de pessoas já foram obrigadas a fugir, a abandonar as suas casas e aldeias por medo dos ataques, dos massacres que se têm vindo a suceder com uma frequência assustadora.

É por isso que um simples programa de rádio, em que dois líderes de duas comunidades religiosas se sentam à mesa para conversar é tão importante. O diálogo é uma porta aberta para a amizade e compreensão. E isso esvazia os argumentos dos que querem semear ódio para justificar a violência. O Iman e o padre católico falam, nos seus programas, de temas como a tolerâncias entre religiões, o valor do perdão e de como é possível todos viverem e crescerem juntos em tolerância no mesmo lugar, no mesmo país.

“Nas nossas famílias temos cristãos e muçulmanos, e ninguém faz mal ao outro”, recorda o sacerdote. E a rádio católica de Kaya vai fazendo um caminho de promoção do diálogo. Contra a força das armas, a amizade entre as pessoas. “Esta é também uma forma de cada um de nós se aproximar de Deus”, diz o sacerdote.

O edifício da rádio parece um simples barracão. Na verdade, é mesmo um barracão, tal como as casas naquele bairro são quase só barracas e as ruas são apenas pedaços de terra esburacada e enlameada. Mas quem espreita de fora não percebe a importância da rádio de Nossa Senhora em Kaya, no Burquina Fasso. Por ali, ao promover-se o diálogo entre religiões, está a fazer-se muito, imenso, no combate ao terrorismo. O diálogo é um antibiótico, talvez o único, contra o cancro do terrorismo, contra o absurdo da violência jihadista que já tomou conta de grande parte deste país de África e que tem vindo a alastrar, como uma doença, por todo o continente…

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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Relatório da Liberdade Religiosa

Apesar dos esforços dos líderes religiosos para reforçar a coesão social e a tolerância religiosa, os grupos jihadistas estão a avançar e a ganhar poder. Medidas radicais impostas por falta de segurança, por exemplo o encerramento de escolas e capelas católicas, têm sido implementadas.

Sem um envolvimento local e internacional significativo, as perspectivas de liberdade religiosa no Burquina Fasso a curto, e talvez a longo prazo, permanecem negativas.

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