Dois catequistas foram assassinados na Diocese de Dédougou. As vítimas pertenciam à paróquia de Ouakara e foram atacadas no dia 25 de Janeiro numa estrada por dois homens armados quando regressavam de uma sessão de formação. Dois outros catequistas conseguiram escapar fugindo para a floresta.
A comunidade cristã do Burquina Fasso está enlutada com o assassinato, no último sábado de Janeiro, de dois catequistas.
De acordo com o relato de fontes locais à Fundação AIS Internacional, quatro catequistas viajavam em duas motocicletas quando foram atacados na estrada perto de Bondokuy, na Diocese de Dédougou, por dois homens armados. Enquanto dois dos catequistas conseguiram fugir para a floresta, os outros não tiveram essa sorte e foram brutalmente assassinados. Ainda segundo apurou a AIS, o comissário da polícia em Bondokuy afirmou que este foi o quarto assassinato registado naquele local e que há bandidos na região e que querem fazer a população acreditar que são terroristas, a fim de realizar roubos armados.
A Fundação AIS expressou já profunda preocupação face a esta contínua e extrema violência na região e pede as orações de todos não só pela comunidade paroquial de Ouakara e pelas famílias das vítimas, mas também pela paz neste país de África que continua a sofrer tanto com a insegurança e a perseguição contra as comunidades cristãs.
OUTROS INCIDENTES COM CATEQUISTAS
Infelizmente, este não é um caso isolado de ataque a catequistas no Burquina Fasso. Há um ano, Edouard Zoetyenga, um catequista que exercia o seu ministério há cerca de duas décadas, foi raptado e morto no dia 18 de Abril por “presumíveis terroristas fulani”, perto de Saatenga, no sudeste do país. “O seu corpo sem vida foi descoberto na manhã do dia seguinte”, como vem descrito no mais recente relatório da AIS “Perseguidos e Esquecidos?”, sobre a violência contra os cristãos no mundo. Nesse mesmo relatório enfatiza-se o risco que os catequistas correm pois são um dos alvos dos grupos armados, das organizações extremistas muitas delas ligadas à Al Qaeda e ao Daesh, e que já controlam mais de 40 por cento do território do Burquina Fasso.
Citando o Bispo Justin Kientega, de Ouahigouya, o relatório enfatiza que neste país africano “não há liberdade de culto”. “Em algumas aldeias permitem que as pessoas rezem, mas proíbem o catecismo; noutros locais, dizem aos Cristãos para não se reunirem na igreja para rezar”, descreveu.
Ainda no final do ano passado e enquadrada na Campanha de Natal, a Fundação AIS publicou a história de um outro catequista, Moïse Sawadogo, que experienciou também um ataque terrível, no seu caso no dia 12 de Maio de 2019, quando homens armados irromperam na capela da sua aldeia durante a missa de domingo, assassinando o sacerdote e cinco dos fiéis. Desde então, desde esse fatídico dia, que a vida do catequista Moïse nunca mais foi a mesma. “Viver este horror traumatizou-me”, disse, não conseguindo mais esquecer o momento em que escutando os disparos e viu tombar no chão, já ferido de morte, o padre Simeon, ainda a segurar nas mãos a Bíblia.
Sina Hartert, Maria Lozano e Paulo Aido
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