VATICANO: Os cristãos “são perseguidos, condenados, mortos”, lembrou Papa na evocação dos novos mártires da fé

O Santo Padre presidiu neste Domingo, dia 14, à cerimónia ecuménica de evocação dos novos Mártires e Testemunhas da Fé, que decorreu na Basílica de São Paulo Extramuros, em Roma, e denunciou que actualmente, no século XXI, os cristãos continuam a ser perseguidos e que, “em algumas partes do mundo”, a violência contra esta comunidade religiosa até “aumentou”.

Regina Lynch, presidente executiva internacional da Fundação AIS, esteve presente tendo sublinhado o “orgulho” da Ajuda à Igreja que Sofre pela sua missão de apoio aos cristãos e à Igreja perseguida.

No Domingo, dia 14, Festa da Exaltação da Santa Cruz, o Papa Leão XIV presidiu na Basílica de São Paulo Extramuros, em Roma, a uma celebração ecuménica em memória dos novos mártires do século XXI. Na ocasião, foi apresentada uma lista com mais de 1600 pessoas assassinadas por causa da sua fé ao longo dos últimos 25 anos, tendo o Santo Padre denunciado que a perseguição aos cristãos continua activa nos tempos actuais apesar do fim das grandes ditaduras que marcaram o século passado.

A lista, compilada a pedido do Papa Francisco por funcionários do Vaticano em colaboração com representantes de outras Igrejas, contém os nomes de todos os cristãos que foram assassinados por defender a fé, não apenas católicos. A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre apoiou esta iniciativa como parte do seu carisma.

“Infelizmente, apesar do fim das grandes ditaduras do século XX, ainda hoje não acabou a perseguição aos cristãos; pelo contrário, em algumas partes do mundo, aumentou”, disse Leão XIV. A cerimónia contou com a participação de representantes das Igrejas Ortodoxas, das Antigas Igrejas Orientais, das Comunhões cristãs e de Organizações ecuménicas.

Muitos irmãos e irmãs, ainda hoje, por causa do seu testemunho de fé em situações difíceis e contextos hostis, carregam a mesma cruz do Senhor: Como Ele, são perseguidos, condenados, mortos. São mulheres e homens, religiosos e religiosas, leigos e sacerdotes, que pagam com a vida a fidelidade ao Evangelho, o compromisso com a justiça, a luta pela liberdade religiosa onde ela ainda é violada, a solidariedade com os mais pobres. Segundo os critérios do mundo, eles foram ‘derrotados’. Na realidade, como nos diz o Livro da Sabedoria: ‘Se aos olhos dos homens foram castigados, a sua esperança estava cheia de imortalidade’.”

Ninguém poderá silenciar a voz dos mártires

O Papa fez questão de destacar a importância para a Igreja, para os crentes, da celebração destas novas testemunhas da fé. “É uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu martírio continua a difundir o Evangelho num mundo marcado pelo ódio, pela violência e pela guerra; é uma esperança cheia de imortalidade, porque, apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a sua voz ou apagar o amor que deram; é uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal. Sim, a deles é uma ‘esperança desarmada’. Eles testemunharam a fé sem nunca usar as armas da força e da violência, mas abraçando a força frágil e mansa do Evangelho”, disse o Papa.

A lista elaborada pelo Vaticano contém os nomes de 1.624 pessoas assassinadas por causa da sua fé, mas o número real poderá ser maior. No entanto, mesmo aqueles que não podem ser nomeados deixaram a sua marca, assegurou o Papa Leão XIV, que deu como exemplo, entre outros, a história da Irmã Doroty Stang, morta no Pará, Brasil, empenhada na causa dos sem-terra na Amazónia, e do Padre Ragheed Ganni, sacerdote iraquiano assassinado em Mossul. A irmã, missionária norte-americana, tinha 73 anos quando foi assassinada com 6 tiros na cidade de Anapu, no dia 12 de Fevereiro de 2005. “Quando aqueles que se preparavam para matá-la lhe perguntaram se estava armada, ela mostrou-lhes a Bíblia, respondendo: ‘Esta é a minha única arma’”, relatou o Papa.

Por seu lado, o Padre Ganni, sacerdote caldeu de Mossul, no Iraque, “renunciou à luta para testemunhar como se comporta um verdadeiro cristão”, recordou o Santo Padre.

Sangue dos mártires é semente de cristãos

Em relação a todos estes casos divulgados fruto do trabalho desenvolvido pela Comissão para os Novos Mártires, instituída pelo Papa Francisco em 2023, o Papa Leão disse que existe um compromisso de preservação de memória. “Não podemos, não queremos esquecer. Queremos recordar. Fazemo-lo, certos de que, tal como nos primeiros séculos, também no terceiro milénio o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”, explicou o Papa Leão XIV.

Regina Lynch, presidente executiva internacional da Fundação AIS, esteve presente, a convite do Vaticano, na cerimónia deste domingo. Numa breve mensagem enviada para Portugal e para os restantes secretariados da instituição, Regina fala no orgulho da Ajuda à Igreja que Sofre pela sua missão de apoio aos cristãos e à Igreja perseguida.

Algumas pessoas pensam que os mártires cristãos são pessoas do séc. I. Mas hoje em dia há ainda mais pessoas que morrem pela sua fé, como testemunhas da sua fé. O Vaticano publicou uma lista de quase 1700 pessoas e provavelmente ainda não está completa, porque todos os dias há pessoas dispostas a pagar o mais elevado preço para defender os ensinamentos da nossa fé, aquilo que Cristo nos ensinou, para nos amarmos uns aos outros. Na AIS temos orgulho em apoiar e reconhecer estes mártires e em estar próximo das pessoas que actualmente sofrem discriminação, perseguição ou dão a vida para defender a sua fé. Por isso, por favor, rezem por todos eles. Muito obrigada.”

Palavras que são sublinhadas pelo director de Projectos da Fundação AIS International. Marco Mencaglia refere que “o testemunho dos mártires é um testemunho de vida”. “Há milhares de pessoas em todos os continentes, religiosos, jovens e famílias inteiras que entregam a sua vida pela sua fé, pelo amor ao próximo e a Deus. Os testemunhos dessas pessoas que querem entregar-se plenamente pela sua fé são a vida da Igreja”, afirma o responsável.

Paulo Aido e Filipe D’Avillez

Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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