Franciszek Grzelka, superior-geral dos Frades Albertinos, estava na cidade de Zaporíjia quando um ataque de mísseis atingiu o bairro onde se encontra a casa da congregação. Foi de madrugada e, segundo relatou o Irmão Grzelka à Fundação AIS, houve cerca de uma dezena de explosões, algumas bem estrondosas. “As janelas e paredes da nossa casa tremeram. Mais tarde, soubemos que um edifício de sete andares nas proximidades foi destruído. Mais de uma dúzia de civis foram mortos e houve ainda cerca de 50 feridos.”
Falando com Eva-Maria Kolmann, da Fundação AIS, o superior-geral dos Frades Albertinos, de visita a Zaporíjia, onde a congregação desenvolve desde há vários anos um notável trabalho junto dos sem-abrigo e das populações mais carenciadas, explicou que os bombardeamentos têm sido frequentes, mas não têm impedido, por exemplo, a distribuição de comida junto dos mais pobres da cidade. “Os meus companheiros disseram-me que, nos dias anteriores à minha chegada, no outro lado da cidade, onde se encontra a Sopa dos Pobres, tinha havido ataques com mísseis e drones.” No entanto, apesar dos bombardeamentos, não houve registo de feridos entre os habitantes que costumam recorrer à ajuda dos Irmãos Albertinos.
A visita a Zaporíjia permitiu a Franciszek Grzelka aperceber-se das dificuldades do trabalho assistencial que é desenvolvido pela sua congregação nesta cidade. Habitualmente, explicou, a distribuição de comida e de géneros de primeira necessidade é frequentada por cerca de 1.300 pessoas, na sua maioria mulheres e crianças. E assistiu mesmo a um desses momentos. “A distribuição foi pacífica”, explicou. “Alguns eram sem-abrigo que já recorrem a nós desde há vários anos, mas há também outras pessoas que precisam de ajuda caritativa por causa da guerra, pois os preços das lojas subiram muito e há pouco trabalho.”
Zaporíjia ganhou alguma notoriedade desde o início da invasão, em Fevereiro, pois é na região que existe a maior central nuclear da Europa que tem estado, ela própria, a ser alvo de ataques. O Irmão Franciszek Grzelka, polaco, testemunhou também a proximidade da linha da frente. “Os russos têm estado a cerca de 50 quilómetros da cidade desde o início de Março, pelo que a linha da frente está próxima, mas a cidade está em mãos ucranianas. Oitenta por cento da província de Zaporíjia está ocupada, e também ali Putin realizou referendos fictícios para a incorporar ‘no papel’ na Federação Russa. Desde então, os ataques com mísseis à cidade têm aumentado consideravelmente.”
Apesar de os ataques terem continuado, o trabalho dos Irmãos Albertinos não diminuiu. A distribuição de comida, por exemplo, tem vindo a reunir cada vez mais pessoas, sinal do agravamento também das condições de sobrevivência na região. “Desde o início da guerra, o número de pessoas necessitadas aumentou muito. Antes, havia cerca de 150 pessoas que utilizavam os nossos serviços. Em Maio, esse número cresceu e eram já 700 pessoas que vinham à nossa cantina e padaria. Quando o número aumentou para mais de mil pessoas, as autoridades municipais decidiram que a área em redor da Sopa dos Pobres era demasiado perigosa para um grupo tão grande, pelo que nos atribuíram um novo local para servir a comida”, explica o responsável.
O desenrolar da guerra é imprevisível. Ninguém pode dizer como as coias vão estar daqui a algumas semanas ou meses. Para os Albertinos, porém, o compromisso mantém-se. “Rezamos pela vitória da Ucrânia, pela conversão do agressor e pela paz neste país atormentado. Enquanto for possível, queremos permanecer perto do povo e agir de acordo com o nosso carisma para ajudar os necessitados, que são muitos neste momento”, diz ainda o superior-geral dos Frades Albertinos à Fundação AIS.
Esta congregação está presente não só em Zaporíjia mas também em Lviv. O carisma dos Albertinos é servir os pobres, especialmente os sem-abrigo, procurando ajudá-los a que possam “encontrar um novo sentido para as suas vidas”. A Fundação AIS apoia esta congregação desde há vários anos através, por exemplo, da atribuição de bolsas de estudo e ajuda na subsistência, mas também com a oferta de veículos para o trabalho assistencial e ainda na manutenção e reparação dos seus edifícios.
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