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R.D. CONGO: Secretário-geral da ONU “profundamente preocupado” com a insegurança no leste do país
“Continuo profundamente preocupado com a insegurança persistente em Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul”, disse António Guterres num relatório apresentado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“Exorto as autoridades nacionais, provinciais e locais a empenharem-se de forma proativa nos esforços para neutralizar os conflitos intercomunais e realizar as reformas necessárias que fortalecerão a autoridade do Estado, protegerão os civis, especialmente mulheres e crianças, e ajudarão a estabilizar essas áreas”, lê-se no documento divulgado pela agência de notícias AFP.
“Relativamente ao actual estado de sítio em Kivu do Norte e Ituri, renovo o meu apelo ao respeito das obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e direito humanitário da República Democrática do Congo. Apelo também às autoridades competentes para que ajam com contenção e transparência na aplicação desta medida de emergência”, salientou ainda o homem forte da ONU no final de Novembro.
A declaração de “estado de sítio” foi decidida no início de Maio na sequência da violência crescente de vários grupos armados que actuam na região. Também a Igreja tem seguido com apreensão a evolução dos acontecimentos nesta zona da República Democrática do Congo.
No início de Novembro, a Fundação AIS dava eco às preocupações do Arcebispo de Bukavu face à perseguição por parte de grupos armados. “Só este ano – disse D. Christophe Mwene Ngabo – houve cerca de dez ataques por homens armados às nossas paróquiasm capelas e conventos.”
O prelado referiu que sete paróquias, uma escola, um centro de saúde e um convento haviam sido atacados entre os meses de Março e Outubro deste ano nas cidades de Karhalem Ciherano, Burhiba, Cahi, Nyamugo, Kadutu, Kanyamulande, Mugogo e Cirirri. Os ataques mais recentes, confirmou D. Christophe, ocorreram “no dia 6 de Outubro”.
O arcebispo fala em consequências gravíssimas para as populações, com “traumas e cicatrizes físicas e psicológicas”. Na génese destes ataques está não só a actuação de milícias armadas que buscam o acesso a recursos minerais mas também de grupos extremistas que apostam num islão radical. A tudo isto, soma-se a pobreza das populações, o desemprego e a falta de expectativas de vida.
Na região de Bukavu a Igreja Católica é praticamente a única instituição a que as populações podem recorrer dada a ausência quase total das estruturas do Estado.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt