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PORTUGAL: “Temos de defender o direito à liberdade religiosa”, afirma presidente da Fundação AIS em balanço do ano
Iraque, Síria, Líbano, Índia, Nigéria e Moçambique são alguns dos países referidos por Thomas Heine-Geldern no balanço do ano que está a terminar. Para o presidente executivo internacional da Fundação AIS, estes países mostram o muito que há a fazer para a proteção das populações, nomeadamente das comunidades cristãs vítimas de perseguição e de intolerância por motivos religiosos.
“Cristãos os mais atingidos”
“Padres, religiosos e leigos estão a ser mortos, raptados ou abusados enquanto cumprem a sua missão”, afirma Heine-Geldern, lembrando com “profunda preocupação” o que se vive na Índia e na Nigéria. Mas não só. “A situação continua a ser bastante dramática nos países da região Africana do Sahel e em Moçambique, onde o terrorismo se está a espalhar. Embora a violência afecte a todos, os Cristãos são os mais atingidos. É profundamente lamentável que, em muitas áreas, o terrorismo e a violência estejam a impedir a Igreja de realizar o seu trabalho pastoral e social.”
Apoio aos refugiados e deslocados
Neste balanço do ano de 2021, o presidente executivo internacional da Fundação AIS lembra que estes ataques não visam apenas Igrejas e comunidades monásticas, mas toda a presença da comunidade cristã, afectando o trabalho único que é desenvolvido junto das populações mais carenciadas, nomeadamente em hospitais, escolas e muitas outras instalações que foram, entretanto, forçadas a fechar. “A Igreja local enfrenta agora mais uma tarefa hercúlea: prestar cuidados e assistência às centenas de milhares de refugiados e pessoas deslocadas” nestes países e regiões.
Visita do Papa ao Iraque
A visita de três dias do Papa ao Iraque no início do mês de Março “deu consolo e esperança à minoria cristã local” e mereceu também destaque neste balanço do ano pelo responsável da Ajuda à Igreja que Sofre. “Durante anos, os Cristãos no Iraque percorreram uma árdua Via Sacra que ainda não terminou”, lembrou Heine-Geldern. “Mais importante ainda, o Santo Padre chamou a atenção da comunidade internacional para a situação” da comunidade cristã não só neste país, mas em todo o Médio Oriente, região onde, recorda o presidente da Fundação AIS, “embora os cristãos sejam uma parte constituinte dos seus países nativos, demasiadas vezes são tratados como cidadãos de segunda classe”.
Êxodo dos cristãos
A situação que se vive em toda esta região do globo, e que inclui não só o Iraque, mas também a Síria e Líbano, está no centro das preocupações da Fundação AIS. A guerra e a crise económica ajudam a explicar “o êxodo dos cristãos” que, segundo Thomas Heine-Geldern, “continua descontrolado”. Por tudo isto, a Fundação AIS está a trabalhar “em conjunto com os benfeitores e os parceiros de projecto” para oferecer à comunidade cristã local “perspectivas de um futuro nas suas pátrias, para que possam viver uma vida de dignidade e, mais importante, aliviar o seu sofrimento”.
Iniciativas da Fundação AIS
No balanço de 2021, o presidente executivo internacional da Fundação AIS lembra também algumas iniciativas que a instituição promoveu ao longo do ano, nomeadamente a publicação de mais um Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, em Abril, e, em Novembro, a ‘Red Week’, em que, durante uma semana, várias Igrejas e monumentos públicos estiveram iluminados de vermelho para chamar a atenção da opinião pública para a questão da liberdade religiosa e da perseguição aos cristãos. Ambas as iniciativas – que tiveram a participação activa do secretariado português da Fundação AIS – são “um sinal e uma prova de que todos nós”, diz Thomas Heine-Geldern, referindo-se a Igrejas e comunidades religiosas, ONG’s, políticos e figuras públicas, “temos de defender o direito humano à liberdade religiosa, profundamente enraizado na dignidade humana”. “A liberdade de denominação religiosa é um indicador da nossa humanidade”, acrescenta ainda este responsável.
“Perseguição educada”
Para o Presidente executivo internacional da Ajuda à Igreja que Sofre, o balanço do ano que está a terminar não poderia excluir uma menção à chamada “perseguição educada” que atinge o mundo ocidental e que envolve a erradicação gradual das crenças religiosas da vida pública sob o manto de suposta “tolerância”. Sinal disso, foi a divulgação, recente, de um documento interno da Comissão Europeia sobre linguagem integrativa, “que recomendava evitar a utilização de nomes e terminologia cristã, substituindo a palavra ‘Natal’ por ‘festas’”. Como recorda Heine-Geldern, “o documento foi posteriormente retirado, uma decisão que apoiamos porque, embora a inclusão seja indiscutivelmente uma preocupação justificada, neste caso teria significado a exclusão do maior grupo de fé da União Europeia… Afinal de contas, dois terços dos cidadãos da UE são Cristãos.”
Novos desafios para 2022
O ano de 2021 ficou também marcado pela pandemia do coronavírus e isso não deixou de merecer uma referência do responsável pela Fundação AIS, lembrando que “muitas religiosas, bispos, padres e catequistas morreram da doença enquanto cumpriam a sua missão”. “Sacrificaram as suas vidas para estarem próximos das pessoas que tinham sido confiadas aos seus cuidados – apesar dos perigos para a sua própria saúde. Um notável testemunho da sua dedicação.” Um exemplo que não deixará de ser inspirador para todos para o ano que está prestes a ter início. “Estamos agora preparar-nos para enfrentar os novos desafios de 2022 armados com a nossa fé em Deus e a confiança, entendida como uma virtude que não nega esses medos e preocupações, mas procura constantemente encontrar novas áreas onde cumprirmos a nossa missão”, diz ainda Thomas Heine-Geldern.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt