Hoje, 14 de Maio, Leah Sharibu faz 22 anos. Ela está em cativeiro desde 2018, quando terroristas do Boko Haram invadiram a sua escola, em Dapchi, na Nigéria, e a raptaram. Era ainda uma criança. Desde então, tornou-se num dos mais poderosos símbolos da perseguição aos cristãos no seu país. A sua história, comovente e trágica, nunca foi esquecida por um sacerdote nigeriano que vive há vários anos em Portugal e que ontem, em pleno Santuário de Fátima, rezou por ela e pediu a Nossa Senhora, “mãe dos perseguidos, mãe dos aflitos”, a sua libertação…
Leah Sharibu tinha apenas 14 anos quando foi raptada a 21 de Fevereiro de 2018 por homens armados que invadiram nessa noite a escola onde estudava e vivia, em Dapchi, no estado de Yobe, na Nigéria. Foi um ataque audacioso. Os terroristas do Boko Haram conseguiram levar à força 110 alunas. Dali a poucas semanas, porém, todas seriam libertadas com excepção de Leah, que ficou em cativeiro por ser cristã e por ter recusado renunciar à sua fé como os terroristas exigiam. Desde então, esta jovem transformou-se num dos símbolos mais poderosos da perseguição religiosa no seu país.
Hoje, dia 14 de Maio, Leah Sharibu celebra o seu 22º aniversário. Ninguém sabe ao certo onde está ou como está, mas o Padre Simon Ayogu, nigeriano que reside em Portugal há cerca de duas décadas, não deixa que o mundo se esqueça do que lhe aconteceu. Pároco em Lomar e Nogueira, na Arquidiocese de Braga, tem acompanhado com preocupação a sua história e todos os anos tem enviado uma mensagem, através da Fundação AIS, não só a desejar os parabéns a Leah, mas também a lembrar esta história trágica que diz muito sobre o sofrimento dos cristãos neste país de África.
Ontem, dia 13 de Maio, envolvido por milhares de fiéis que rezavam a Nossa Senhora no Altar do Mundo, em Fátima, Simon Ayogu gravou uma mensagem para a Fundação AIS a pedir precisamente à Mãe de Deus que interceda por esta jovem que volta a celebrar o seu aniversário longe da família, longe dos amigos.
Ao completares sete anos de cativeiro, Leah, cantamos-te os parabéns na esperança de um dia voltarmos a ver-te, na esperança de um dia conseguir cantar contigo os parabéns, com os teus pais, que têm também a esperança de um dia ainda estarem contigo…”
Padre Simon Ayogu
NÃO ESQUECER LEAH SHARIBU
Simon Ayogu, que tem sido uma voz incansável a exigir a libertação da jovem cristã, acusa as autoridades nigerianas de terem “falhado”, acusa o governo de “não cuidar” dos seus cidadãos. “Ao cantar-te parabéns aqui em Fátima, Leah Sharibu, também rezo. Rezo a Nossa Senhora, à mãe dos aflitos, à mãe dos perseguidos, à mãe dos cristãos, que fez com que nós sejamos todos irmãos. Peço a Nossa Senhora de Fátima que te dê força, que te dê a graça, através do seu filho, para conseguires enfrentar e viver o que estás a viver. Muitos parabéns. Obrigado”, diz o sacerdote na mensagem gravada em plena celebração do 13 de Maio em Fátima, rodeado de milhares de peregrinos.
De facto, a história desta jovem mulher cristã é extraordinária. Ao fim de todos estes anos e apesar de todos os apelos, nomeadamente dos seus pais e de instituições como a Fundação AIS, Leah Sharibu continua refém do Boko Haram e desconhece-se exactamente onde está e como se encontra neste momento. Leah Sharibu é um dos símbolos mais poderosos da perseguição aos cristãos na Nigéria.
Numa altura em que o drama dos sequestros é uma realidade assustadora neste país de África, afectando profundamente a comunidade cristã, com uma sucessão de casos que envolvem por exemplo sacerdotes e seminaristas, a história desta jovem rapariga que ousou renunciar à sua liberdade por causa da sua fé, não pode, não deve ser esquecida… E é isso que o padre Simon pretende uma vez mais com a mensagem que gravou para a Fundação AIS. É um grito para que o mundo não se esqueça desta jovem cristã prisioneira de um dos mais temíveis grupos jihadistas da actualidade.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt