Patriarca Emérito de Lisboa presidiu à Missa de Acção de Graças na Igreja do Sobralinho, em Alverca, em celebração dos 30 anos da Fundação AIS em Portugal, e que foi transmitida em directo pela TVI, e referiu a “relevância do trabalho” que a Ajuda à Igreja que Sofre “vai desenvolvendo” no nosso país e a nível internacional na denúncia da perseguição religiosa nomeadamente às comunidades cristãs.
“A causa da Ajuda à Igreja que Sofre, de defesa da liberdade religiosa no mundo, não só para os Cristãos, mas para todos, como um direito humano fundamental, é uma causa que também é nossa”, afirmou D. Manuel Clemente, na Missa de Acção de Graças pelos 30 anos da Fundação AIS em Portugal, que se celebrou neste domingo, dia 7 de Dezembro, na Igreja do Divino Salvador, no Sobralinho, em Alverca, e que foi transmitida em directo pela TVI.
O Patriarca Emérito de Lisboa lembrou que as perseguições religiosas “são muito graves” e estão a aumentar “em muitos lados”, e que a missão da Fundação AIS, como obra pontifícia, é a de “lembrar isso constantemente”.
“Neste momento, há muito cristão e cristã por esse mundo além que arrisca a vida para estar num sítio escondido com outros cristãos, a ouvir estes mesmos textos, se forem cristãos católicos, e estiverem a preparar o Natal do Senhor, e arriscam a vida por isso. Nunca tivemos tantos mártires como infelizmente temos tido neste primeiro quartel do século XXI…”, disse ainda o Cardeal.
Pouco antes da celebração, D. Manuel Clemente fez ainda uma breve declaração sobre a presença e a missão da AIS em Portugal, tendo afirmado que “o papel da Ajuda à Igreja que Sofre é de enorme importância”.
A Fundação chama a atenção de toda a Igreja, e não apenas da Igreja, mas também de todas as pessoas que a escutam, para aquilo que realmente acontece no mundo. (...) Há perseguições constantes, agressões e ameaças dirigidas aos Cristãos. A Ajuda à Igreja que Sofre recorda-nos continuamente estas realidades e outras situações em que é extremamente difícil sobreviver como Cristão, reunir as comunidades e viver segundo os princípios do Evangelho de forma pública.”
D. Manuel Clemente
30 anos de “desafios e dificuldades”
No início da celebração, a directora do secretariado português da Fundação AIS lembrou que os 30 anos de presença da Ajuda à Igreja que Sofre em Portugal “têm sido maravilhosos, com muitos desafios e dificuldades”.
Catarina Martins de Bettencourt sublinhou que, “graças à generosidade” dos benfeitores e amigos da AIS, tem sido possível, ao longo destas três décadas, levar “esperança e amor ao próximo, ajudando a transformar vidas em comunidades cristãs marcadas pela pobreza, discriminação, perseguição e desafios inimagináveis”.
A responsável do secretariado nacional da fundação pontifícia lembrou que a AIS publica de 2 em 2 anos um Relatório sobre a Perseguição Religiosa no Mundo, e que as conclusões do último, lançado a 21 de Outubro, “não podem ser mais reveladoras”. De facto, o relatório, em que são analisados em detalhe 196 países, conclui que a perseguição religiosa afecta directamente 4,5 mil milhões de pessoas, ou seja, dois terços da população mundial vive em países onde não se pode viver livremente a fé.
“Conseguem imaginar o que é viver em países onde o simples facto de [alguém] participar na missa, como estamos a fazer agora, pode significar perder a liberdade ou morrer?”, interpelou Catarina Bettencourt, dirigindo-se não só aos fiéis presentes na Igreja do Sobralinho como a todos os que seguiam a transmissão em directo da missa pela TVI. “Não nos podemos esquecer que a liberdade religiosa é um direito e não um privilégio”, disse ainda a responsável da Ajuda à Igreja que Sofre em Portugal.
Lembrar os Cristãos perseguidos, pede D. Rui Valério
A questão da perseguição religiosa aos Cristãos foi também um dos temas abordados pelo Patriarca de Lisboa na mensagem para o Advento, em que D. Rui Valério lembra as guerras que atormentam a humanidade neste ano de 2025 e a violência que tem irrompido no mundo e que atenta à dignidade do ser humano.
Vivemos num mundo inquieto, marcado pela violência, pelo insulto fácil, por atentados sistemáticos à dignidade da pessoa humana e à liberdade dos povos. Como cristãos, não podemos habituar-nos à indiferença. A esperança cristã não anestesia; mobiliza.”
D. Rui Valério
“Hoje, o nosso pensamento e a nossa oração dirigem-se, de modo particular, aos países feridos pela guerra, onde o sofrimento dos inocentes clama ao Céu. E é impossível viver este tempo santo sem recordar a Terra Santa – a terra onde nasceu Jesus, onde João Baptista anunciou a conversão, onde Isaías sonhou a paz universal.
Rezamos pelos povos martirizados – como a Ucrânia –, por todos os que sofrem perseguição, fome, luto e medo – entre os quais, não podemos esquecer os nossos irmãos cristãos perseguidos em todo o mundo, recordando especialmente os do Sudão e da Nigéria. Rezamos por aqueles que constroem a paz enquanto outros levantam armas. Rezamos para que, no coração da humanidade, volte a surgir o deserto do Advento – onde Deus nos fala ao coração e nos reconcilia”, escreveu ainda D. Rui Valério, na mensagem do Patriarca de Lisboa ao clero e comunidades cristãs neste Advento de 2015.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt




