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PAQUISTÃO: Assassinato de líder protestante em Peshawar, deixa comunidade cristã em estado de choque
William Silraj foi atingido a tiro mortalmente na cabeça e no peito no passado dia 30 de Janeiro, depois de ter participado no culto dominical numa das igrejas protestantes na cidade de Peshawar, no Paquistão, muito perto da fronteira com o Afeganistão.
O ataque, por homens armados que se faziam transportar em motocicletas, atingiu também o Pastor Patrick Naeem. No entanto, ao contrário de Silraj, Naeem apenas sofreu ferimentos de bala tendo sido transportado de urgência para um hospital.
Muito conhecido e respeitado localmente, a notícia do assassinato de William Silraj deixou a comunidade cristã em estado de choque. Até ao momento, as autoridades não conseguiram identificar os autores do atentado, mas tudo indica que poderá ter sido da responsabilidade de terroristas talibãs originários do vizinho Afeganistão.
O Arcebispo de Karachi lamentou profundamente o atentado e disse que “todos os cristãos estão unidos à igreja anglicana do Paquistão”. D. Benny Mario Travas acrescentou, citado pela imprensa local, que o governo “deve tomar medidas sérias e imediatas, prendendo os assassinos e trabalhando pela paz e segurança de todas as minorias”.
Em Setembro do ano passado, a Fundação AIS alertava para a ameaça de ataques terroristas no Paquistão após o regresso ao poder dos talibãs no Afeganistão. Nesse mês, numa reunião que juntou líderes católicos e protestantes, foi decidido aumentar a vigilância junto dos templos cristãos, especialmente aos domingos. A medida foi tomada face a possíveis ataques que grupos extremistas estariam a planear contra cristãos e outras comunidades religiosas minoritárias no país.
O reforço das medidas securitárias nas igrejas do Paquistão tem vindo a ser uma constante. De facto, já não é estranho ver pessoas, por vezes até armadas, junto aos principais templos, especialmente durante as celebrações religiosas. Estão em missão de prevenção de eventuais ataques terroristas.
Em Janeiro de 2018, quando esteve em Portugal a convite da Fundação AIS, D. Sebastian Shaw lamentou esta triste realidade e referiu que as igrejas e as escolas cristãs tinham de se proteger construindo muros e colocando câmaras de vigilância, como se fossem “verdadeiras prisões”.
“Hoje em dia, temos de fazer muros muito altos e com arame farpado e câmaras de vigilância nas nossas igrejas e escolas. E temos de ter, também, guardas de dia e de noite. Não temos alternativa”, acrescentou, na ocasião, o Arcebispo de Lahore.
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