Novena a São Charbel

São Charbel Makhlouf nasceu no alto das montanhas do Líbano, na pequena aldeia de Bekaa Kafra, a 8 de Maio de 1828. Desde a infância, manifestava uma piedade profunda e invulgar — era conhecido entre os vizinhos simplesmente como “o santo”. Mesmo antes de abraçar a vida religiosa, Youssef Antoun Makhlouf — o seu nome de baptismo — procurava refúgio numa gruta onde, diante de um ícone da Virgem Maria, se entregava à oração contemplativa. Este pequeno espaço de silêncio e luz tornou-se o seu primeiro altar, a sua primeira ermida.

Inspirado pelos tios monges que viviam no Vale Sagrado de Qadeesha, Youssef sentiu cedo o chamamento à vida monástica. Aos 23 anos, renunciou à família e aos confortos do mundo, entrando no mosteiro maronita de Mayfouk. Ao professar os votos religiosos, escolheu o nome “Sharbel”, em homenagem a um mártir da Igreja Antioquena.

Ordenado sacerdote em 1859, São Charbel viveu durante dezasseis anos no mosteiro de Annaya, em obediência radical, humildade silenciosa e ardente amor pela Eucaristia. A sua vida simples era um cântico contínuo de adoração. O seu coração, pleno do Espírito, foi-se moldando à imagem de Cristo crucificado: pobre, casto, obediente e totalmente submisso à vontade do Pai.

Em 1875, retirou-se para a ermida de São Pedro e São Paulo, onde permaneceu até à morte. Aí mergulhou num silêncio quase absoluto, vivendo em jejum, oração e trabalho manual. A sua alma uniu-se profundamente a Deus, a ponto de ser conhecido como “o santo embriagado de Deus”. Muitos acorriam a ele em busca de intercessão, e não poucos saíam curados — do corpo e da alma. Só deixava a ermida por ordem dos superiores, quando era chamado para acudir aos enfermos.

No dia 16 de Dezembro de 1898, enquanto celebrava a Divina Liturgia, foi acometido por uma apoplexia. Oito dias depois, na véspera do Natal, entregou serenamente a alma a Deus, repetindo as palavras da Missa que não pudera concluir: “Pai da verdade, eis o Teu Filho, o sacrifício em quem Tu Te comprazes…”

Contudo, a vida de São Charbel não terminou com a sua morte. Logo se manifestaram sinais extraordinários: luzes celestes sobre o seu túmulo, a conservação incorrupta do seu corpo, que exsudava suor e sangue, e inúmeras curas físicas e espirituais atribuídas à sua intercessão. A gruta da sua infância transformou-se num santuário de peregrinação universal.

Beatificado em 1965 e canonizado em 1977 por São Paulo VI, São Charbel é hoje uma luz cintilante para toda a Igreja. A sua vida recorda-nos que o verdadeiro milagre é a entrega total e humilde a Deus. O seu exemplo convida-nos ao silêncio, à oração incessante e à docilidade ao Espírito Santo, para que, como ele, também nós nos deixemos transformar em luz viva na presença do Senhor.