NIGÉRIA: Sacerdote denuncia insegurança e medo das populações e fala no risco de fome na região do Cinturão Médio

A falta de segurança é um dos problemas mais graves na Nigéria e é sentido de forma particular pela comunidade cristã. Além do rapto de sacerdotes, que a Fundação AIS tem denunciado, há também relatos de intranquilidade e medo entre as populações, nomeadamente na região chamada de Cinturão Médio, vítimas de ataques que estão a levar os agricultores a abandonar as suas terras o que lança o risco de fome na região.

Os sobreviventes dos massacres cometidos pelos extremistas na região conhecida como o Cinturão Médio da Nigéria “não confiam” nos seus líderes, pois continuam a ser alvo constante de ataques e de ameaças, o que está a dar origem também a uma escassez de alimentos, denuncia, à Fundação AIS, o Padre Andrew Dewan.

Este sacerdote, que é responsável de comunicação da Diocese de Pankshin, diz que “os funcionários eleitos não estão interessados no bem-estar das pessoas e não oferecem protecção ou apoio às comunidades cristãs cujas casas e meios de subsistência foram destruídos”. Pelo contrário, a Igreja e as organizações não-governamentais que estão activas na Nigéria “têm estado a fornecer abrigo, comida, roupas e outras necessidades básicas aos deslocados e a todos os que lutam por sobreviver”.

O padre Dewan, que também está empenhado no apoio aos deslocados internos na Igreja Católica de São Tomás, em Bokkos, no estado de Plateau, diz que recebe com regularidade relatos de novos assassinatos e atrocidades. Entre esses episódios de violência destaca o ocorrido no sábado, 13 de Julho, em que terroristas sequestraram uma mulher cristã e a sua filha, e outro, logo no dia seguinte, 14 de Julho, em que pastores fulani, armados, invadiram uma comunidade cristã em Bokkos e mataram o chefe da aldeia.

Para o sacerdote, há uma clara dimensão religiosa nestes ataques, embora o conflito pela posse das terras também seja um factor a considerar, pois pastores de maioria muçulmana têm vindo a atacar comunidades agrícolas predominantemente cristãs.

RISCO DE FOME NA REGIÃO

Tudo isto vem agravar o risco de fome na região pois os extremistas forçam os agricultores a abandonar as suas terras, destroem alimentos armazenados e, em muitos casos, atacam os que tentam regressar às suas terras. “A fome vai aumentar no próximo ano devido à falta de protecção para os agricultores”, prevê o sacerdote, até porque, explica, “os preços dos alimentos já mais do que dobraram no último mês”.

O padre Andrew diz ainda que a fé da comunidade cristã está a ser testada, e muitos estão perdendo a paciência, apesar das tentativas da Igreja de promover perseverança e perdão. “Eles sentem-se impotentes, porque continuamos a encorajá-los como padres, como pastores de almas, a terem esperança e a serem resilientes… mas as coisas não parecem melhorar. Há uma atmosfera de desesperança.”

Esta não é a primeira vez que o padre Andrew Dewan procura alertar o mundo para a situação muito difícil que a comunidade cristã enfrenta na Nigéria. Ainda em Maio, a Fundação AIS dava conta de declarações suas a propósito de uma onda de ataques nas semanas anteriores em diversas aldeias na Diocese de Pankshin. Na ocasião, o padre Dewan referia mesmo que as populações locais estavam a começar a organizar a sua própria defesa face à inércia das autoridades.

“Os ataques continuam e as vítimas dizem ‘chega’. A esperança era de que o Governo as protegesse. Isso não está a acontecer, então as comunidades estão a organizar-se para se proteger, pois o Governo e os funcionários eleitos não estão a fazer isso. As forças militares e policiais estão sobrecarregadas e incapazes de proteger os cidadãos, permitindo que essas atrocidades continuem sem controlo.”

O Padre Andrew destacou também, na ocasião, a gravidade da situação em Pankshin:

A Diocese está sobrecarregada com pessoas e vítimas. Estamos a lidar com viúvas, com o pagamento de mensalidades escolares das crianças, alojamento… A diocese, sozinha, não pode suportar isso. Isso é uma emergência, esses problemas ainda estão em andamento e nada parece mudar.”

Paulo Aido e Amy Balog

Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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