O Reitor do seminário menor da Imaculada Conceição em Ivhianokpodi, no estado de Edo, no sul da Nigéria, foi raptado por homens armados, provavelmente pastores fulani, que na tarde de domingo, 27 de Outubro, entraram violentamente no edifício e se preparavam para levar consigo dois estudantes. Perante a iminência do rapto, o padre Thomas Oyode “suplicou” para ser levado em vez dos dois jovens.
“A Diocese Católica de Auchi solicita a todas as pessoas de boa vontade que se unam aos fiéis da diocese nas orações para que os sequestradores libertem, ileso, o padre Oyode.” Termina assim o comunicado da Diocese de Auchi, enviado para a Fundação AIS Internacional a dar conta do rapto, no domingo, dia 27 de Outubro, do padre Thomas Oyode, reitor do seminário menor da Imaculada Conceição, em Ivhianokpodi, na sequência do ataque realizado por “homens armados durante a oração da noite e benção”.
O comunicado especifica ainda que o Reitor tinha sido “sequestrado e levado para o mato”, e que todos os restantes elementos do seminário, nomeadamente “o Vice-Reitor e todos os seminaristas”, estavam bem, mas noutro lugar, “até que as medidas de segurança em torno do seminário sejam reforçadas”. Numa outra informação recebida pela Fundação AIS Internacional, aponta-se a responsabilidade do ataque a “pastores nómadas fulani”.
Mas este não foi apenas mais um rapto de um sacerdote na Nigéria. Segundo o portal de notícias do Vaticano, o padre Thomas terá suplicado aos criminosos para ser levado em vez dos dois estudantes que estavam já a ser conduzidos para fora das instalações do seminário pelos homens armados que entraram no edifício aos tiros. O reitor “saiu do pátio e, quando se viu perante os bandidos com os dois estudantes como reféns, suplicou aos criminosos que os libertassem, oferecendo-se em seu lugar”. O Vatican News acrescenta que “os raptores aceitaram o pedido do padre e ele foi trocado pelos dois estudantes, sendo depois arrastado pelos bandidos para o mato”. Entretanto, foram iniciadas operações de busca para a libertação do sacerdote.
EPIDEMIA DE RAPTOS
Este caso junta-se ao de vários outros padres igualmente vítimas de sequestro na Nigéria nos últimos tempos. Em 7 de Julho, a Fundação AIS dava a notícia da libertação do padre Mikah Suleiman, pároco da igreja católica de St. Raymond, em Damba, diocese de Sokoto, no noroeste do país, após mais de duas semanas de cativeiro.
Nesse caso, antes da sua libertação, foi divulgado um vídeo em que o sacerdote alertava para a situação em que se encontrava, com ameaças de morte. No vídeo podia escutar-se o padre a dizer:
[Os bandidos] disseram-me que matar uma pessoa não é difícil para eles. Por favor, salvem a minha vida em nome de Deus. Olhem para a minha cabeça, olhem para as minhas pernas. Fui amarrado a uma [corda] e sou o único neste sítio. Normalmente, quando raptam alguém, não perdem tempo.”
Padre Mikah Suleiman
Na ocasião, ao anunciar a sua libertação, o Bispo Matthew Kukah, de Sokoto, agradeceu à Fundação AIS toda a solidariedade em mais este acto de violência dirigido a um elemento da Igreja Católica na Nigéria. “Muito obrigado [a] toda a família AIS. O vosso amor e apoio significam muito”, referiu o prelado.
A questão dos sequestros de sacerdote na Nigéria é um problema recorrente. Antes do rapto do padre Suleiman, em Maio, dois outros sacerdotes haviam sido também sequestrados em diferentes dioceses e no curto espaço de menos de uma semana.
Apesar de normalmente acabarem por ser libertados, infelizmente nem sempre isso acontece. De facto, pelo menos três padres ainda estão desaparecidos. São eles o Padre John Bako Shekwolo, desaparecido desde 2019, e os Padres Joseph Igweagu e Christopher Ogide, levados em 2022 e sobre os quais não houve mais qualquer informação. A Nigéria sofre, efectivamente, com uma grave falha de segurança com os casos de sequestro para resgate a tornarem-se numa verdadeira epidemia.
Em 2023, a Nigéria liderou mesmo a lista de países com mais casos de padres e religiosos sequestrados, com 25 ocorrências, incluindo três religiosas. A Fundação AIS acompanha com muita preocupação todas estas situações, pedindo sempre a libertação imediata e incondicional de todos, e junta-se aos muitos líderes católicos na Nigéria que exigem que o governo ponha fim a este problema de insegurança.
Os benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre são convidados a lembrarem todas as vítimas de sequestros na Nigéria nas suas orações.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt