Ao fim de 51 dias de cativeiro, depois de ter sido raptado por homens armados na Nigéria, provavelmente militantes do grupo jihadista Boko Haram, o Padre Alphonsus Afina foi libertado nesta segunda-feira, dia 21, juntamente com mais 10 mulheres que também estavam sequestradas. D. John Bakeni, Bispo Auxiliar de Maiduguri agradece à Fundação AIS a solidariedade e as orações durante este tempo, e diz que o sacerdote está bem, embora “frágil e cansado”, e que a sua libertação foi um verdadeiro milagre.
Em declarações à Fundação AIS Internacional, D. John Bakeni, Bispo Auxiliar de Maiduguri, na Nigéria, expressou a sua gratidão pela solidariedade e pelas orações dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre durante os 51 dias de provação em que o Padre Alphonsus Afina esteve em cativeiro, após ter sido sequestrado no dia 1 de Junho.
“Quero agradecer a todos os nossos amigos e benfeitores da AIS pelas vossas orações e solidariedade para com a Diocese Católica de Maiduguri, especialmente durante este tempo difícil do sequestro do Padre Afina”, disse o prelado, acrescentando que, “para glória de Deus”, o padre Afina foi libertado “juntamente com dez mulheres, por volta das 16 horas”, nesta segunda-feira, dia 21 de Julho, na sequência de uma operação das forças de segurança do estado de Borno, com apoio do exército nigeriano.
O sacerdote foi entregue à diocese pelas autoridades na manhã de terça-feira, dia 22. “Neste momento, o padre parece um pouco frágil e cansado, mas creio que está de boa saúde e emocionalmente estável. Estamos agora a organizar exames médicos e [um tempo de] descanso para ele, e planeamos reuni-lo com a sua mãe e família”, acrescentou D. John Bakeni.
UM VERDADEIRO MILAGRE
Na breve declaração à Fundação AIS Internacional, o prelado enfatizou que esta libertação deve ser considerada um verdadeiro milagre, graças às orações de todos e à intercessão de Nossa Senhora, uma vez que nem todas as situações de sequestro nesta região norte da Nigéria terminam com notícias tão positivas. E também assinalou a imprevisibilidade e o perigo de se lidar com grupos armados, o que torna este desfecho ainda mais extraordinário.
Quando foi sequestrado, no primeiro dia de Junho deste ano, o Bispo Bakeni descrevia, também à Fundação AIS, como tudo aconteceu. “O Pe. Alphonsus e dois outros membros da Comissão de Justiça, Desenvolvimento e Paz (JDPC) deviam participar num seminário que deveria começar na segunda-feira em Maiduguri, e estavam a caminho de Mubi. O infeliz incidente ocorreu perto de Gwoza, por volta das 12h30.”
O Bispo acrescentou que o grupo, onde seguia o sacerdote, foi apanhado no meio de fogo cruzado entre soldados nigerianos e os terroristas. “Houve muitas mortes e raptos. Um membro do JDPC foi morto a tiro. O Padre Alphonsus foi raptado juntamente com outros, e um dos membros do pessoal do JDPC conseguiu escapar em segurança”, disse. Na altura, D. Bakeni disse ainda que havia sido contactado pelos terroristas que lhe forneceram provas de que o sacerdote estava vivo.
15º PADRE RAPTADO DESDE JANEIRO
A libertação do Padre Alphonsus Afina, nesta segunda-feira, dia 21, ocorre num momento em que o norte da Nigéria continua a enfrentar violência severa por parte de grupos extremistas, com diversas situações de sequestros e ataques contra as populações. O Padre Alphonsus foi o 15º religioso a ser raptado na Nigéria desde o início deste ano. Duas das vítimas foram posteriormente assassinadas, enquanto todas as outras recuperaram também a liberdade.
O Boko Haram, que tudo indica terá realizado este sequestro, é uma organização terrorista islâmica que actua no Norte da Nigéria. Embora já não seja tão forte como no seu apogeu, o grupo continua a dispor de recursos significativos e é considerado uma ameaça na região. Em 2016, dividiu-se em dois, com uma das facções a reivindicar a sua lealdade ao Estado Islâmico e a mudar o nome para Boko Haram-ISWAP.
OS ALERTAS DA FUNDAÇÃO AIS EM PORTUGAL
A Fundação AIS em Portugal tem procurado também alertar a sociedade para a perseguição contra a comunidade cristã na Nigéria e ainda recentemente, em Arouca, o Padre Simon Ayogu testemunhou de viva-voz essa realidade no Jubileu dos Cristãos Perseguidos. No evento, que a AIS organizou no final de Março, este sacerdote nigeriano, actualmente pároco em Nogueira e Lomar, na Arquidiocese de Braga, lembrou que a violência contra a Igreja tem vindo a ganhar mais intensidade no seu país.
O Padre Ayogu tem sido uma voz constante na denúncia desta situação concreta, dos cristãos perseguidos na sua terra, nomeadamente lembrando a história dramática de Leah Sharibu, uma jovem cristã que foi raptada a 19 de Fevereiro de 2018 por terroristas islâmicos quando tinha apenas 14 anos de idade e que continua em cativeiro por não ter renunciado à sua fé. A fundação pontifícia tem apoiado consistentemente a Igreja local nesta região, nomeadamente fornecendo ajuda para o trabalho pastoral, apoio no tratamento das pessoas traumatizadas, e para a reconstrução de comunidades devastadas pela perseguição religiosa.
A Fundação AIS agradece a Deus pelo regresso em segurança do Padre Afina e das mulheres que foram libertadas com ele. E pede, aos seus benfeitores e amigos, em Portugal e em todo o mundo, orações pela paz e pela cura na Nigéria.
Maria Lozano e Paulo Aido
Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt