Foi assassinada a tiro por terroristas na noite de 6 de Setembro de 2022, na missão de Chipene, Diocese de Nacala. A Irmã Maria de Coppi, italiana, tinha 83 anos e deixou uma vida inteira de trabalho, de dedicação ao povo de Moçambique. Para a Igreja falta apenas aguardar pelos cinco anos necessários para a abertura do processo de beatificação por martírio. Mas no próximo ano, garante D. Alberto Vera à Fundação AIS, os trabalhos preparatórios vão já arrancar para que em 2027 tudo esteja pronto para se dar início ao tão aguardado processo.
Diocese de Nacala vai avançar, “já no próximo ano”, com os trabalhos preparatórios para que tudo esteja preparado para o arranque, em 2027, do processo de beatificação da Irmã Maria de Coppi, assassinada na noite de 6 de Setembro de 2022 na missão de Chipene, em Moçambique.
A notícia foi dada à Fundação AIS pelo Bispo de Nacala, em cuja diocese a religiosa italiana de 83 anos de idade estava a trabalhar. O prelado adiantou que vai procurar avançar em simultâneo com o processo relativo à beatificação do catequista Cipriano, também martirizado na diocese e que morreu à catanada a 28 de Agosto de 1984 por guerrilheiros da Renamo, num dos episódios de grande violência da longa guerra civil em Moçambique.
A irmã e o catequista são dois exemplos de cristãos que perderam a vida em missão. “São mártires da Diocese de Nacala, do povo macua e do povo moçambicano”, disse D. Alberto Vera à Fundação AIS.
No início deste ano, quando esteve de passagem por Portugal, o prelado falou do catequista e da irmã à fundação pontifícia, salientando a devoção popular que as comunidades locais já devotam a ambos: “Eles são profundamente queridos, lembrados, e até já têm culto, com peregrinações a ambos os túmulos por pessoas que vão [até lá] com frequência para rezar, e por isso é necessário que comecemos com estes processos e sobretudo porque são dois mártires, dois grandes mártires”. Sobre a Irmã Maria de Coppi, D. Alberto assegura mesmo que “para o povo, já é santa”.
A Irmã é um exemplo de mãe, de uma boa mulher, de uma santa mulher que esteve sempre muito próxima ao povo e o povo sente a sua perda de coração, sente que a Irmã Maria de Coppi realmente é uma santa"
D. Alberto Vera
UM DOS MAIS BRUTAIS ATAQUES
Este ano, o aniversário do assassinato da irmã italiana coincidiu com a peregrinação diocesana de Nacala ao santuário mariano de Alua, integrada no Jubileu da Esperança. Centenas de pessoas participaram nas cerimónias em que se rezou por Maria de Coppi e lembrou a vida de generosidade até ao último instante da missionária comboniana assassinada a tiro num dos mais brutais ataques contra a Igreja em Moçambique desde que a insurgência jihadista teve início em 2017.
Um ataque que começou às 21 horas e se prolongou até às 2 horas da madrugada, e em que foi incendiada e destruída não só a Igreja da missão, assim como a escola, centro de saúde, a casa das religiosas, a biblioteca, o lar dos rapazes e das raparigas e viaturas. “Destruíram tudo”, descreveu então, ao telefone à Fundação AIS, D. Alberto Vera.
Na missão de Chipene estavam além de Maria de Coppi, pelo menos mais duas irmãs e dois sacerdotes. Com excepção de uma religiosa espanhola e de uma irmã do Togo, todos os outros eram de nacionalidade italiana e todos conseguiram fugir para as matas juntamente com os jovens que se encontravam na missão católica.
Poucos dias depois, após a oração do Angelus, o Papa Francisco lembrou a irmã italiana e destacou a sua vida de entrega total aos outros. “Neste momento de oração, gostaria de recordar a Irmã Maria de Coppi, missionária comboniana morta em Chipene, Moçambique, onde serviu com amor durante quase sessenta anos. Que o seu testemunho dê força e coragem aos cristãos e a todo o povo moçambicano.”
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt