MOÇAMBIQUE: “Dos cristãos não se sabe quase nada”, diz padre de Palma em declarações à Fundação AIS

MOÇAMBIQUE: “Dos cristãos não se sabe quase nada”, diz padre de Palma em declarações à Fundação AIS

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MOÇAMBIQUE: “Dos cristãos não se sabe quase nada”, diz padre de Palma em declarações à Fundação AIS

Quarta-feira · 31 Março, 2021

Uma semana depois do ataque à vila de Palma, o pároco local mostra o seu desespero pela falta de informações sobre o paradeiro dos cristãos, das pessoas que constituíam a sua comunidade. Quando o ataque começou, quarta-feira, dia 24 de Março, o Padre António Chamboco não estava em Palma.

Foi à distância que acompanhou as notícias. Foi com impotência que foi sabendo da violência do ataque, das pessoas em fuga, dos corpos nas ruas.

“Quando ouvi esse ataque, o meu sentimento foi de dor. De dor porque já estava em Palma há um ano e já estava afeiçoado às gentes, à comunidade. Então, quando ouvi [as notícias] do ataque, o meu sentimento foi de dor e de tristeza….”

Num primeiro momento, ainda foi possível manter contacto com Palma, mas rapidamente as linhas telefónicas ficaram inutilizadas, aumentando ainda mais o desespero de quem queria saber o que se estava a passar. “Eu estive sempre em contacto com dois coordenadores da comunidade. Na primeira fase [do ataque], quando a rede [de telefones] estava a funcionar, eles comunicaram que estavam aos tiros [na vila], mas cinco minutos depois, já não havia mais comunicação… Essa foi a única comunicação que eu tive.”

MOÇAMBIQUE: “Dos cristãos não se sabe quase nada”, diz padre de Palma em declarações à Fundação AIS
O pároco de Palma explica que desconhece se a Igreja e a casa paroquial de Palma foram destruídas ou vandalizadas pelos terroristas.

O pároco de Palma explica que desconhece se a Igreja e a casa paroquial de Palma foram destruídas ou vandalizadas pelos terroristas. O ataque, recorde-se, foi reivindicado esta segunda-feira, dia 29 de Março, pelo Daesh, o grupo jihadista auto-proclamado ‘Estado Islâmico’. “Quanto à destruição… ainda não tenho informações certas se a Igreja foi destruída, assim como a casa paroquial… ainda não temos… estamos ainda a procurar essas informações em relação a isso…”

Também incerto e preocupante é o paradeiro das pessoas. A vila de Palma tinha cerca de 50 mil habitantes. Segundo alguns relatos, Palma é hoje uma vila fantasma, sem ninguém. Há milhares de pessoas em parte incerta. O Padre Chamboco receia pela vida dos seus paroquianos.

Sobre a esmagadora maioria dos cristãos de Palma diz que “não se sabe quase nada…” Da sua equipa, apenas conseguiu estabelecer contacto com os dois coordenadores. “Sobre os cristãos, tenho algumas notícias a partir das pessoas que foram resgatadas e já chegaram a Pemba”, explica. “Pelo menos, um coordenador respondeu nas proximidades da fronteira com a Tanzânia. Ele, quando fugiu dos ataques, foi na direcção da Tanzânia. Então, ele está lá na Tanzânia.” O outro responsável da paróquia estará em Nangade. A informação foi transmitida ao padre através de uma senhora que chegou entretanto vinda da vila atacada pelos terroristas. É informação a conta-gotas… “O outro coordenador da paróquia fugiu para Nangade, segundo a declaração desta senhora que foi resgatada e que chegou de Palma. Dos outros cristãos não se sabe quase nada…”

O ataque a Palma, que terá causado dezenas de mortos – há relatos dramáticos de corpos mutilados nas ruas – ocorre em plena Semana Santa. Para o Padre António Chamboco é preciso, apesar de toda a violência, do desespero das pessoas, uma mensagem de esperança. E este é um tempo propício para isso. “Rezamos nesta Semana Santa para que Cristo, com a sua paixão, morte e ressurreição, traga alívio para estas pessoas que estão a sofrer neste momento. Também dou uma mensagem de esperança. Temos que rezar e confiar em Deus para que possa assistir e dar alívio a todo este problema que está a acontecer na província de Cabo Delgado.”

A região de Cabo Delgado tem sido palco de ataques por grupos armados desde Outubro de 2017 e que têm conduzido a região para uma situação de profunda crise humanitária. De acordo com as Nações Unidas, no final do ano passado havia já mais de 670 mil deslocados e mais de dois mil mortos. Estes números estarão agora desactualizados.

A Fundação AIS tem procurado desde a primeira hora ajudar o esforço da Igreja local no apoio às populações deslocadas, tendo concedido uma primeira ajuda de emergência no valor de 160 mil euros. A Fundação AIS também tem prestado ajuda de subsistência aos sacerdotes e irmãs, bem como tem financiado a formação de seminaristas e de religiosas, além de outros projectos relacionados com as necessidades mais prementes da vida da igreja em Moçambique.

Paulo Aido com o Padre Kwiriwi Fonseca, em Pemba| Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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