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MIANMAR: Igreja lança apelo para abertura de corredores humanitários para as populações em fuga
“Suplicamos que seja permitido um corredor humanitário” para as populações deslocadas e que estão numa situação dramática. O apelo é dos bispos de Mianmar, numa carta publicado no final da semana. As populações em fuga, recordam os prelados, “são nossos cidadãos e têm o direito fundamental à alimentação e segurança”.
Este apelo foi tornado público praticamente na mesma altura em que a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, alertava para a escalada de violência neste país, como consequência do golpe de Estado dos militares, a 1 de Fevereiro, dizendo que se está a assistir a uma “catástrofe para os direitos humanos”.
Num comunicado divulgado na sexta-feira, 11 de Junho, Bachelet afirma que “os dirigentes militares são responsáveis por esta crise e devem prestar contas”. Desde que os militares depuseram o governo de Aung San Suu Kyi, calcula-se que haverá mais de 850 mortos, milhares de feridos, cerca de 6 mil detidos e milhares também de pessoas em fuga.
A violência dos militares tem gerado um coro de críticas a nível internacional, havendo casos em que os soldados têm atacado até dentro de igrejas em regiões predominantemente cristãs como em Kayantharyar.
Nesta localidade, os militares bombardearam a 23 de Maio uma igreja onde se encontravam refugiadas largas dezenas de pessoas, provocando quatro mortos e vários feridos. Este não foi, porém caso isolado. Ainda em Maio, os militares atacaram também a Igreja de São José, em Demoso, e a Igreja do Sagrado Coração, perto de Loikaw.
Na carta divulgada este fim-de-semana pelos Bispos de Mianmar, os militares são exortados a observar as normas internacionais segundo os quais “igrejas, pagodes, mosteiros, mesquitas, templos, escolas e hospitais são reconhecidos como locais neutros de refúgio durante um conflito”.
Já anteriormente em reacção ao ataque à Igreja em Kayantharyar, o Cardeal Charles Maung Bo havia denunciado esta situação como uma “tragédia humanitária”, relatando que no seguimento da acção dos militares, muitos populares tinham fugido para a selva correndo o risco de “morrer à fome”.
Nesse comunicado, que foi então enviado para a Fundação AIS, o Cardeal Charles Bo lembrou que “o sangue derramado não é sangue de inimigos”, e que as pessoas que morreram, assim como os feridos “são cidadãos do país”.
A situação em Mianmar é descrita como caótica e tem vindo a ser acompanhada com preocupação pela Fundação AIS. Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da Fundação AIS já veio afirmar a importância da presença da Igreja junto destas populações aflitas e a necessidade de se apoiar o trabalho dos sacerdotes e das irmãs que têm procurado aliviar o seu sofrimento.
“A Igreja está a demonstrar, tanto pelos seus apelos como ainda mais pelo seu trabalho, que como minoria neste país fará tudo o que for possível para promover a paz e o desenvolvimento da nação”, disse Heine-Geldern, sublinhando o esforço da Fundação AIS na ajuda aos padres e religiosas, mas também aos catequistas que têm procurado auxiliar as famílias mais carenciadas de Mianmar.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt