MIANMAR: Cardeal Charles Bo pede para as pessoas não pegarem em armas para se evitar a escalada da violência

MIANMAR: Cardeal Charles Bo pede para as pessoas não pegarem em armas para se evitar a escalada da violência

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MIANMAR: Cardeal Charles Bo pede para as pessoas não pegarem em armas para se evitar a escalada da violência

Sexta-feira · 26 Março, 2021

Numa carta dirigida aos manifestantes e divulgada na quarta-feira, dia 24 de Março, o Cardeal Charles Bo faz mais um apelo emotivo, implorando para que ninguém se desvie dos caminhos da paz. Admitindo que houve “violência brutal contra o povo e que torna cada vez mais impossível a manifestação pacífica”, o Cardeal pediu aos opositores ao golpe militar para mostrarem contenção.

Na carta, cuja cópia foi enviada para a Fundação AIS, o prelado diz reconhecer a “dor, raiva e trauma” dos manifestantes, mas aconselha a que ninguém siga o caminho da violência. “O vosso impressionante movimento ganhou atenção, solidariedade, admiração e apoio a nível mundial devido à sua natureza pacífica até agora”, escreveu ainda o líder da Igreja Católica em Mianmar.

Numa conferência de imprensa que decorreu na capital, Naipidau, na terça-feira, dia 23, o porta-voz dos militares, General Zaw Min Tun, afirmou que morrido 164 manifestantes. Porém, os números, divulgados pela Associação de Assistência aos Presos Políticos de Mianmar indicam um número muito mais elevado: pelo menos 275 pessoas.

A agravar o sentimento de revolta está o facto de algumas das vítimas serem crianças. É o caso de Khin Myo Chit, de sete anos, que terá sido morta quando estava, segundo alguns relatos, ao colo do pai em casa em Chan Mya Thazi, no município de Mandalay. Isso não impediu que soldados tenham disparado.

Na carta enviada para a AIS, o Cardeal Charles Bo explica que “todas as tradições religiosas aderem à não-violência porque toda a violência é intrinsecamente má”. “A violência traz maior violência.”

É de facto muito grave a situação neste país, também conhecido como Birmânia, desde que uma junta militar tomou o poder no dia 1 de Fevereiro. A Lei Marcial foi decretada em vários distritos mas nada parece para já fazer estancar a revolta das populações e a resposta musculada das autoridades.

Esta não é a primeira vez que o líder da Igreja Católica apela à não-violência. No domingo, 14 de Março, pediu para se evitar a todo o custo o derramamento de sangue.

Nesse mesmo dia, calcula-se que terão sido mortos cerca de meia centena de pessoas pelas forças governamentais que abriram fogo contra um grupo de manifestantes. Numa carta à nação divulgada nesse dia, o Cardeal Charles Maung Bo diz que “as mortes têm de parar imediatamente”, lembrando que “o sangue derramado não é sangue de um inimigo”. “É o sangue das nossas irmãs e irmãos, dos nossos próprios cidadãos. Somos uma nação de sonhos. Os nossos jovens têm vivido na esperança. Não nos tornemos uma nação de desilusão sem sentido. Parem de matar. Cessem a violência. Abandonem o caminho de atrocidades. Que todos os inocentes sejam libertados. Eles são o nosso próprio povo.”

É neste contexto de grande tensão que têm corrido mundo as imagens de uma irmã a implorar aos soldados para não dispararem sobre manifestantes. Imagens fortíssimas que levaram até o próprio Papa Francisco a dizer que se ajoelha também para evitar novos banhos de sangue. “Eu também me ajoelho nas ruas de Mianmar e digo: pare a violência! Também eu estendo meus braços e digo: prevaleça o diálogo! O sangue não resolve nada. Prevaleça o diálogo….”

PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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