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LISBOA: Dezenas de personalidades escrevem carta aberta ao embaixador da Índia em defesa dos direitos humanos neste país
Quase meia centena de personalidades juntaram-se ao Provincial dos Jesuítas em Portugal numa Carta Aberta ao embaixador da Índia chamando a atenção para a questão da violação dos direitos humanos e da liberdade religiosa neste país, e recordando em particular o caso do Padre Stan Swamy, que está detido desde 8 de Outubro sob falsas acusações de ligações a grupos maoistas.
No documento, publicado no Diário de Notícias, manifesta-se a “preocupação” pelo tratamento que está a ser dado a este sacerdote da Companhia de Jesus e a outros activistas no estado de Jhakarland, na Índia.
O Padre Stan, de 83 anos, sofre de Parkinson e tem uma saúde frágil. Diz o Padre Miguel Almeida, o Provincial dos Jesuítas em Portugal, que “na prisão tem sido difícil assegurar-lhe as condições mínimas de dignidade, tendo sido forçado a dormir no chão durante vários dias e, só depois de vários protestos, foi possível dar-lhe um copo com palhinha, de que necessita para beber água autonomamente”.
Além deste sacerdote, que trabalha há décadas “em favor dos mais pobres e marginalizados da Índia, especialmente do povo indígena dos Adivasis”, estão detidos actualmente outros 15 activistas dos direitos humanos neste estado da União Indiana.
Na Carta Aberta – subscrita por personalidades como Ramalho Eanes, antigo presidente da República, D. José Ornelas, Bispo de Setúbal e Presidente da Conferência Episcopal portuguesa, ou Mota Amaral, ex-presidente da Assembleia da República, entre deputados, juristas, professores, jornalistas e agentes culturais – recorda-se que “diversos relatórios internacionais” têm revelado “sinais preocupantes no que respeita à ameaça dos direitos humanos e à liberdade religiosa na Índia”.
É referida igualmente a posição tomada por Michele Bachelet, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que a 20 de Outubro do ano passado fez uma declaração ao governo indiano referindo a situação do Padre Stan.
Também a Fundação AIS já exigiu às autoridades indianas a sua libertação imediata. No início de Dezembro do ano passado, num comunicado emitido em Königstein, na Alemanha, o presidente executivo internacional da AIS apelava à libertação deste padre “que passou os últimos 40 anos a trabalhar com tribos indígenas (Adivasi) no estado Indiano de Jharkhand, tribos que foram expulsas à força das suas terras nativas para dar espaço a projectos agrícolas mineiros ou industriais”.
Segundo Thomas Heine-Geldern, “o único crime” deste padre jesuíta foi “exigir justiça e denunciar os abusos” que estas populações tribais têm sofrido nesta região. O responsável pela fundação pontifícia recordou que as autoridades negaram desde o primeiro momento, e de forma incompreensível, a libertação sob fiança ao sacerdote jesuíta, apesar da idade avançada e do seu estado de saúde precário, situação que terá tendência a agravar-se com o passar do tempo.
Para o presidente executivo internacional da Ajuda à Igreja que Sofre, o caso do Padre Stan Swamy “é apenas a ponta do icebergue”, afirmando que haverá “outros casos de padres e catequistas que foram injustamente acusados com o objectivo de espalhar o medo e intimidar” os que trabalham procurando dar “melhores condições de vida para os Adivasis e os Dalits”, ou intocáveis. A tomada de posição da Fundação AIS em defesa da libertação do Padre Stan Swamy mereceu na ocasião o aplauso da Companhia de Jesus em Portugal.
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