Há apenas cerca de 13 mil católicos na Islândia, um país que é pouco maior do que Portugal e que tem só uma diocese e oito paróquias. Algumas destas paróquias são bem gigantes, e às vezes é preciso fazer mais de 500 quilómetros para se ir ao encontro de alguém. Nada disso incomoda a Irmã Celestina Gavric. Ao volante do carro oferecido pela Fundação AIS, esta carmelita faz tudo o que for preciso para que as crianças tenham aulas de catequese…
É um pouco maior do que Portugal, mas tem muito menos população. No total, a Islândia possui apenas cerca de 343 mil habitantes. Ou seja, qualquer coisa como um pouco menos de 4 habitantes por quilómetro quadrado. Só que a maior parte dos islandeses vive na capital, Reykjavík, o que significa que é possível fazer-se centenas de quilómetros sem se ver quase ninguém… E também é possível fazer-se muitos quilómetros até se encontrar um católico na Islândia. O país, na sua esmagadora maioria, é composto por Cristãos que pertencem à Igreja Luterana Evangélica. Mas há católicos. São cerca de 13 mil. O país tem apenas uma diocese e oito paróquias, que chegam a ficar a uma enorme distância umas das outras. Fazer comunidade é, assim, um dos maiores desafios que se colocam aos responsáveis da Igreja.
A Irmã Celestina sabe bem como é difícil ser missionária num país assim, em que o Inverno é quase sempre caiado pelo branco da neve e onde é preciso, por vezes, ir à procura dos fiéis como quem caça um verdadeiro tesouro. Celestina Gavric é uma das quatro irmãs Carmelitas do Divino Coração de Jesus que actualmente vivem no país. São apenas quatro religiosas para uma paróquia que se estende por mais de 500 km. Vale-lhes o carro que a Fundação AIS ofereceu. Caso contrário, seria impossível o contacto cara a cara com todas as pessoas. Mesmo assim, não é nada fácil… “Temos uma família aqui e outra ali. Quando eu não vejo as pessoas na igreja, mas sei que têm um filho de 7 anos, vou lá bater à porta. ‘Vocês têm um filho desta idade e são católicos, por isso a criança tem o direito de conhecer melhor a sua fé. Nós temos catequese para crianças. Estão interessados?’”
VINTE ANOS NA ISLÂNDIA
É preciso uma certa ousadia, para se bater à porta de casa das pessoas para as convencer a deixar as suas crianças participar na catequese. Mas a irmã não se importa. Há um desprendimento, quase uma ousadia nas suas palavras que lhe vem seguramente do fundo da alma, da força da fé. Isso justifica toda a coragem. E quando não é possível à irmã deslocar-se pessoalmente a casa de alguém, a internet acaba por ser uma boa solução. Tudo é sempre melhor do que deixar as crianças sem catequese…
Selestina nasceu na Croácia e está na Islândia porque lhe pediram. Se tivesse de ir para Marte, também iria… “Pediram-me para vir para a Islândia. Foi mesmo uma grande surpresa. Quando fazemos os votos pertencemos à nossa congregação e a tudo o que ela vive e faz. Por isso, se fizerem um convento em Marte, temos de ir para lá viver e trabalhar. Somos as Irmãs Carmelitas do Divino Coração de Jesus. A nossa fundadora é a Beata Maria Teresa de São José, convertida da Igreja Luterana. Somos quatro irmãs na Islândia. Eu estou cá há 20 anos.” Despachada, a irmã atreve-se a bater às portas à procura de crianças para a catequese e não se atrapalha se tiver de ir sozinha no carro que a Fundação AIS ofereceu à sua congregação. Agora, ela sente que pode ir a todo o lado, até aos confins da paróquia, que é quase ir até ao outro lado do país.
A Irmã Celestina Gavric é uma carmelita de mangas arregaçadas, pronta a fazer o que for necessário. Agora que a comunidade tem um automóvel, ninguém está livre de um dia ver a Irmã Selestíne à porta de sua casa, sorridente, a tocar à campainha e a perguntar se está tudo bem… “Já vi tantas pessoas, católicos que perderam o contacto com a Igreja por falta do contacto pessoal. Temos de ir ter com eles”, diz a irmã para, logo depois agradecer de viva-voz o presente da Ajuda à Igreja que Sofre. “Obrigada, AIS, por apoiarem a Igreja na Islândia. Obrigada e Deus vos abençoe. Sem vós, não poderíamos continuar.”