IRAQUE: “Todos estão preocupados com a escalada da guerra”, disse Arcebispo de Erbil no final da visita a Portugal

A situação em Gaza e no Líbano está a deixar preocupada a comunidade cristã do Iraque, que aspira a uma “paz e estabilidade duradoura” na região. Palavras de D. Bashar Warda, Arcebispo de Erbil, no final da visita a Portugal a convite da Fundação AIS e que o levou a participar em diversos eventos nas cidades do Porto, Aveiro e em Lisboa.

O regresso das famílias cristãs às suas casas no Iraque, depois do sobressalto dos anos de terror impostos pelos jihadistas do Daesh na Planície de Nínive, especialmente entre os anos de 2014 e 2017, continua a ser um desejo e uma luta constante por parte da Igreja que procura criar as condições necessárias para que isso aconteça. Mas a situação de guerra que se vive na região não ajuda à criação desse clima de confiança.

No domingo, no final da visita a Portugal, a convite da Fundação AIS, D. Bashar Warda, Arcebispo de Erbil, expressou a sua preocupação pelos sinais de insegurança para o Iraque e toda a região e que resultam do que se está a passar na Faixa de Gaza e no Líbano.

É evidente que na região todos estão preocupados com o que se está a passar em Gaza e no Líbano e com toda esta escalada da guerra, e esperamos e rezamos para que a paz venha, [e traga] uma estabilidade duradoura que permita as pessoas pensarem e estabelecerem-se de vez, porque sempre que existe guerra e violência, e disputas entre as pessoas, sabemos que elas não sentem confortáveis com este tipo de situação. Então, esta é a esperança. Regressar, mas também esperar e rezar por uma paz duradoura na região, o que se reflectirá positivamente no nosso país.

De facto, as questões da paz e da estabilidade são fundamentais para que as famílias cristãs possam encarar o regresso definitivo a casa, especialmente depois dos anos muito duros, em que as terras bíblicas da Planície de Nínive foram ocupadas pelos jihadistas do Daesh, a organização ‘Estado islâmico’, que deixou atrás de si memórias de medo e um profundo rasto de violência e destruição.

MANTER O CRISTIANISMO NO IRAQUE

Mas isso tem vindo a mudar com o tempo, graças também à solidariedade de instituições como a Fundação AIS que têm promovido campanhas para a reabilitação e reconstrução de casas e Igrejas e infraestruturas danificadas pelos terroristas. Um processo que continua a decorrer.

“Hoje agradecemos a Deus por haver um tão grande número de famílias que pôde regressar já às suas casas e aldeias após a libertação dessas mesmas aldeias. Ainda estamos num processo de reconstrução, não apenas de casas, escolas e igrejas, mas também reconstruir a noção de segurança”, acrescentou D. Bahsar Warda, sublinhando que é missão da Igreja criar as condições para que o Cristianismo possa continuar a ser uma religião viva nesta zona do globo a que está tão profundamente ligado. “É evidente que a missão da Igreja não é apenas servir as pessoas e os fiéis, pastoral e espiritualmente. A nossa missão como Igreja no Iraque é também manter a Cristianismo, porque, historicamente falando, nós somos o povo desse território, o Cristianismo está lá há 2.000 anos, e também é nossa missão fazer ouvir a voz de Cristo alto e bom som, de forma pacífica, amigável, verdadeira, também no Iraque.

Na breve entrevista à Fundação AIS e Agência Ecclesia, o Arcebispo de Erbil fez ainda um balanço da visita a Portugal em que participou em diversas conferências e momentos de oração nas dioceses do Porto, Aveiro e em Lisboa. “Valeu a pena. Nós gostamos muito de Portugal. Pessoalmente eu sigo o futebol e sei muito sobre o assunto… mas também tenho não apenas o dever mas a gratidão a todos os Portugueses que apoiaram a Fundação AIS ao longo destes anos e com esse apoio pudemos ajudar a nosso povo, com actividades juvenis e pastorais, catequese, também aos deslocados internos no tempo da invasão do ISIS com alimentos, roupas, educação… e a Fundação AIS também esteve muito envolvida na reconstrução das aldeias no regresso da população. Por isso, obrigado”, disse, a concluir, D. Bashar Warda.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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O Iraque permanece numa encruzilhada e as minorias religiosas continuam vulneráveis. Com uma cidadania igual para todos os Iraquianos ainda por implementar, a plena liberdade religiosa não está garantida. As perspectivas de gozo da liberdade religiosa e muitos outros direitos humanos continuam a depender da estabilidade política e de segurança do país. Ambos parecem duvidosos e devem permanecer sob observação.

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