Três mulheres iranianas convertidas ao cristianismo foram detidas em Maio em suas casas, por agentes dos serviços secretos, e levadas para a prisão. Estiveram em isolamento durante 40 dias e só a 2 de Julho foram ouvidas pela primeira vez em tribunal. Desconhece-se ainda de que são acusadas.
Três mulheres iranianas convertidas ao cristianismo foram detidas na madrugada de 9 de Maio, em suas casas, por agentes dos serviços de inteligência do Irão. Segundo o Article 18, um ‘site’ especializado em documentar situações de repressão religiosa nesta república islâmica, as três cristãs, Shilan Oraminejad, Razieh (Maral) Kohzady e Zahra (Yalda) Heidary, terão sido ouvidas pela primeira vez num tribunal a 2 de Julho. Até então estiveram em isolamento total e depois foram enviadas para a prisão de Evin. Os agentes de segurança que detiveram as três mulheres procederam na altura também à apreensão de diversos bens pessoais, nomeadamente telemóveis, computadores portáteis, livros e panfletos. Só ao fim do tempo de isolamento é que elas foram autorizadas a receber visita de familiares. Segundo a Voice of América, que cita um responsável da agência noticiosa iraniana Mehr, os familiares das três cristãs consideraram que elas “não estavam em boas condições físicas ou de saúde”. Enquanto isto, a AsiaNews refere que não é invulgar no Irão alguém ser enviado para julgamento sem acusação formal e também não é rara a detenção de cristãos, que por vezes foram já alvo das autoridades pelo simples facto de se terem reunido para rezar numa casa particular, por exemplo.
Repressão das autoridades
O caso que envolve estas três mulheres e que agora foi conhecido, confirma a avaliação que a Fundação AIS faz do Irão no mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, em que o país está classificado a vermelho, o que traduz um agravamento da situação. De facto, registou-se no período em análise no relatório, 2021 e 2022, uma crescente repressão por parte das autoridades, situação que está ligada aos enormes protestos que eclodiram com a morte de Mahsa Amini às mãos da polícia. Amini, de 22 anos, foi presa a 13 de Setembro do ano passado pela polícia da moralidade de Teerão por não respeitar o rígido código de vestuário. O Relatório da Fundação AIS reporta este incidente, fala nos protestos que eclodiram no país e que atingiram “uma escala sem precedentes”, e afirma que “os manifestantes não exigiam uma reforma do actual sistema político, mas sim a sua abolição pura e simples”. A Fundação AIS explica também, no Relatório, que o regime iraniano “ainda não conseguiu travar as manifestações apesar do recurso à violência”. Sobre as três mulheres cristãs, a notícia mais recente dá conta de que duas delas, Shilan e Zahra, terão sido libertadas sob fiança enquanto aguardam julgamento, mas Maral continuará detida.