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ÍNDIA: Mudança na lei de liberdade religiosa no estado de Madhya Pradesh ameaça a comunidade cristã, denuncia Igreja
Sexta-feira · 22 Janeiro, 2021
A aprovação pelo governador de Madhya Pradesh do decreto que regulamenta a lei da liberdade religiosa neste estado indiano pode representar uma ameaça para a comunidade cristã. A denúncia é do Arcebispo de Bhopal, D. Leo Cornelius, que afirma, citado pela AsiaNews, que a lei “viola os princípios e as liberdades constitucionais e é um plano sistemático para perseguir as minorias, especialmente os cristãos”.
A partir de agora passa a ser criminalizada e deixa de ter valor legal a conversão religiosa obtida de forma fraudulenta. Esta nova versão da lei está a ser vista como um sinal mais de perseguição contra os cristãos pois uma das principais acusações contra esta comunidade religiosa é precisamente a de afectuar conversões forçadas usando meios fraudulentos.
Grupos extremistas têm promovido ao longo dos tempos campanhas de ódio e de intimidação contra as minorias religiosas, cristãos e muçulmanos, e a nova lei poderá vir a ser usada como argumento em disputas locais.
Diz o Arcebispo de Bhopal que há um claro sinal de intimidação. “Para os cristãos, em particular, quando estão reunidos para orações familiares ou comunitárias, se houver cantos, etc., um grupo extremista pode interromper as orações, enquanto outro vai à polícia para se abrir um caso de conversões forjadas contra os cristãos…”
No início de Dezembro, a Fundação AIS dava conta do aumento significativo de ataques nos últimos meses contra a comunidade cristã não só em Madyha Pradesh, mas também noutros estados da Índia, nomeadamente Uttar Pradesh e Chhattisgarh. Durante o ano passado terão ocorrido mais de 250 ataques contra a comunidade cristã neste país, sendo que 76 desses actos de violência foram relatados apenas desde o dia 1 de Setembro.
Segundo o Fórum Cristão Unido, que procura manter actualizado um mapa dos principais incidentes relacionados com os cristãos na Índia, na origem destes ataques estarão “grupos extremistas” que levantam “suspeitas e inimizades” procurando dividir as comunidades locais, sendo particularmente preocupante o que se passa nas regiões tribais.
Na memória de todos perduram ainda os incidentes que ocorreram em Kandhamal, em Agosto de 2008. Calcula-se que mais de uma centena de pessoas tenham sido assassinadas pelos extremistas hindus e mais de 64 mil foram forçadas a fugir para salvar as próprias vidas. A magnitude da violência ficou também visível na destruição de cerca de 6500 casas e 395 igrejas ou capelas. Ainda hoje, mais de uma década depois destes acontecimentos, cerca de 10 mil pessoas não terão regressado a suas casas por medo de represálias.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt