A Fundação pontifícia internacional Ajuda à Igreja que Sofre (Fundação AIS) quer colocar os seminaristas, jovens aspirantes ao sacerdócio, na ribalta da Quaresma de 2022. Para o efeito, recolheu 46 testemunhos de seminaristas de mais de 25 países neste calendário. São jovens audazes e corajosos que tomaram uma decisão arriscada, incompreensível para muitos: deixar tudo e seguir radicalmente as pegadas de Cristo.
Vão contra a maré, desafiando uma sociedade cada vez mais materialista, relativista e individualista. Em muitos casos também encontram dificuldades a nível familiar, incompreensão por parte dos amigos… Eles deixaram o seu trabalho e o seu bem-estar para começar do zero. Por vezes, sentem a solidão do “deixa tudo e segue-Me”.
Como nos dizem no seu testemunho, fazem-no movidos pelo desejo de anunciar a Boa Nova ao mundo, de ser um canal de Graça, e de trazer paz e justiça ao seu povo – a um povo que sofre frequentemente as feridas da guerra, da violência, da perseguição, da pobreza ou do esquecimento. azem-no movidos por um apelo, seguindo uma “vocação”, um apelo divino, único e irrepetível. Convencidos de que só Deus basta.
Muitos deles perguntam-se: Posso realmente mudar alguma coisa? Devo desistir? Apesar das suas dúvidas, querem proclamar o reino de Deus de paz, justiça e amor. O seminário é um lugar de formação, de discernimento da vocação, de aprofundamento. “Estou no caminho que o Senhor traçou para mim?” perguntam a si próprios. Eles confiam em Deus.
E confiam no nosso apoio e na nossa oração, porque este caminho e este convite de Cristo é também dirigido a todos nós, fiéis e leigos. Cristo pede-nos que “rezemos ao Senhor da colheita para enviar operários para a sua colheita” (Mt 9,38). O seu apelo também é o nosso apelo. Como apoiamos a formação de seminaristas? Como os apoiamos com a nossa oração? Como lhes agradecemos pela sua audácia e coragem? Será que rezamos para que sejam testemunhas fiéis de Cristo?
É por isso que a proposta da Fundação AIS para esta Quaresma – movida pelo testemunho directo, simples e próximo de cada um destes jovens – é rezar todos os dias pelos seminaristas de todo o mundo. Fala-se de uma crise vocacional, de falta de sacerdotes, mas as histórias aqui apresentadas – da Venezuela, Cuba, Nicarágua, Bangladeche, Líbano, Peru, Uganda, Maláui, Congo, Sudão do Sul, entre outros – são exemplos dos mais de 100 mil jovens que estão actualmente a estudar e a formar-se nalgum seminário do mundo.
Para além dos 40 testemunhos de seminaristas em formação, os Domingos são dedicados a recordar os seminaristas que deram a sua vida em situações excepcionais. Como Michael Nnadi da Nigéria, morto em 2020, ou Gerard Anjiangwe executado nos Camarões em 2018, mas também seminaristas mártires como os do Burundi ou de Espanha, testemunhos impressionantes de dedicação e amor por Cristo e pela Igreja. O último testemunho, no dia de Páscoa, coincide com o testemunho de Michel Los, um seminarista polaco doente erminal com cancro, que foi ordenado no hospital e morreu 25 dias depois.
Esperamos que este calendário nos ajude a aprofundar a compreensão do mistério da vocação sacerdotal, nos inspire a seguir a nossa própria vocação mais generosamente, e nos recorde a importância da nossa oração e da nossa ajuda no acompanhamento dos seminaristas – jovens audazes, generosos e corajosos – no seu discernimento. É uma longa viagem, e não só devido aos muitos anos de formação envolvidos, pelo menos oito anos, mas também devido às grandes exigências e expectativas que traz, aliadas em muitos casos a uma falta de meios financeiros. Não os deixemos sozinhos na sua viagem.