O Observatório sobre Intolerância e Discriminação contra Cristãos na Europa (OIDAC) documentou mais de meio milhar de incidentes classificados como crimes de ódio contra os cristãos no Velho Continente ao longo do ano passado. A investigação, que procurou detalhar “casos de intolerância e discriminação” na Europa contra a comunidade cristã, concentrou-se em 19 países e analisou situações de vandalismo, roubo ou, por exemplo, incêndios criminosos.
O país onde se registaram mais ocorrências que possam ser classificadas como “crimes de ódio” foi a França, com 124 casos, seguido de perto da Alemanha, com 112. Por coincidência, a 17 de Novembro, dois dias após a divulgação deste relatório, a antiga catedral católica francesa de Saint-Pol-de-Léon, na Bretanha, foi alvo de um incêndio que terá tido origem criminosa e que, apenas graças à pronta resposta dos bombeiros, não provocou grandes danos no edifício.
Além de França e Alemanha, e numa ordem decrescente, seguem-se a Itália, com 92 casos, Polónia, com 60, Reino Unido com 40, Espanha com trinta, e Áustria com vinte situações reportadas. Bélgica, Irlanda e Suíça são países também identificados, mas não ultrapassando, cada um deles, a dezena de casos.
Além dos crimes de ódio anti-cristãos, o relatório anual do OIDAC, uma organização não governamental sediada em Viena, na Áustria, destacou também situações de “marginalização que os cristãos enfrentam na Europa”. Estes dados agora publicados vêm confirmar as palavras do presidente executivo internacional da Fundação AIS que, em Janeiro de 2021, e antecipando o ano que restava a começar, alertava para a hostilidade em relação aos crentes no espaço europeu.
“Em muitos países do mundo, embora não haja perseguição pública visível há cada vez mais ressentimento e hostilidade em relação aos crentes. Isto está a tornar-se cada vez mais evidente na Europa”, disse Thomas Heine-Geldern. “Os Cristãos de hoje são confrontados em duas frentes com um ataque radical e profundamente enraizado”, havendo a tentativa de “destruir as raízes cristãs da sociedade e construir uma sociedade exclusivamente individualista sem Deus.”
Os números apresentados neste relatório representam, apesar de tudo, uma queda significativa em relação ao ano anterior, 2020, em que quase foram reportados mil casos que podem ser classificados como intolerância e discriminação contra os cristãos na Europa. Sinal também positivo é o facto de este ano, 2022, o Parlamento Europeu vai permitir, pela primeira vez, a instalação de um presépio.
Trata-se de uma iniciativa da eurodeputada espanhola Isabel Benjumea, católica praticante, que desde 2019 tenta concretizar esta ideia, mas que só agora recebeu luz verde para isso. A deputada não esteve sozinha nesta luta, e contou desde o princípio com o apoio da actual presidente do Parlamento, a maltesa Roberta Metsola, bem como da líder do Partido Popular na Câmara Europeia, Dolors Montserrat.
A primeira resposta foi negativa, com o argumento de que a exibição de um conteúdo religioso poderia ser considerada ofensiva. Mas a persistência destas mulheres cristãs acabou por levar de vencida os argumentos dos cépticos e este ano o Parlamento Europeu vai exibir um presépio artesanal, feito em Múrcia, Espanha, pelo atelier de Jesús Griñan, um artista local.
O presépio ficará exposto até dia 6 de Janeiro de 2023. Ao fim de uma luta de vários anos, Isabel Benjumea conseguiu convencer os responsáveis do parlamento Europeu que não é “ofensivo lembrar aos europeus que 25 de Dezembro é o nascimento de Jesus Cristo”.