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ERITREIA: Patriarca da Igreja Ortodoxa Eritreia Tawahedo morre aos 94 anos, estando em prisão domiciliária desde 2007
Abuna Antonios, Patriarca da Igreja Ortodoxa Eritreia Tawaedo morreu na semana passada, no dia 9 de Fevereiro, na sua residência na capital do país, Asmara, onde se encontrava em prisão domiciliária desde 2007. A situação de privação de liberdade deste dirigente cristão eritreu foi apresentada na campanha “Libertem os Prisioneiros”, lançada no final de 2020 pela Fundação AIS.
A sua recusa sistemática em permitir interferências governamentais em matérias religiosas levou-o a ser considerado como uma figura hostil a ponto de, na madrugada de 28 de Maio de 2007, ter sido levado à força desde a sua residência permanecendo durante bastante tempo em paradeiro desconhecido.
No Relatório produzido pela Fundação AIS de suporte à campanha “Libertem os Prisioneiros”, refere-se que o Patriarca, então já com 93 anos de idade, estava a ser mantido “em isolamento”, num edifício da igreja, “sem visitas, incluindo de familiares”. As autoridades também não permitiam que Abuna Antonios recebesse cuidados médicos, apesar de sofrer “gravemente de diabetes” e de “pressão arterial elevada”.
Neville Kyrke-Smith, director do secretariado britânico da Fundação AIS, que se mobilizou particularmente em defesa da libertação deste Patriarca, expressou tristeza pela sua morte, dizendo que “os cristãos da Eritreia perderam um líder notável que defendeu a liberdade religiosa face à agressão e intimidação do governo”.
Neville reiterou o compromisso do apoio a esta comunidade cristã que está de luto “pela perda de uma grande figura da sua igreja”. O director do secretariado britânico da Fundação AIS sublinhou ainda a importância do “testemunho de resistência pacífica contra a opressão governamental” do Patriarca Antonios, que o mundo deve olhar como exemplo, afirmando que não serão esquecidos “todos os cristãos que estão na prisão tanto na Eritreia como noutros lugares por causa da sua fé”.
No mais recente Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado em Abril do ano passado, a Eritreia vem referenciada como um país em que, apesar das garantias legais inscritas na Constituição, “o Governo autoritário não permite a liberdade de crença religiosa”. A tal ponto que a Fundação AIS afirma mesmo que a Eritreia é um dos países que sofre “um dos piores recordes de liberdade religiosa” em todo o planeta.
No documento constata-se que as autoridades recusam à maioria dos eritreus “os seus direitos civis e políticos e, como consequência, milhares estão a tentar emigrar”. “Com a repressão e detenção arbitrária de membros de grupos religiosos não reconhecidos e as crescentes restrições a grupos autorizados, de que é exemplo o recente encerramento de escolas e centros de saúde católicos, a situação da liberdade religiosa é terrível e não parece susceptível de melhorar num futuro próximo”, pode ler-se ainda no Relatório da Fundação AIS.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt