COREIA DO SUL: Igreja promove dia de oração pela paz num momento muito delicado nas relações intercoreanas

A Igreja da Coreia do Sul promove hoje em todas as paróquias do país um Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade Nacional, que ocorre num dos momentos mais delicados nas relações intercoreanas, quando todos os canais de diálogo entre Seul e Pyongyang estão fechados e depois de o presidente da Federação Russa ter visitado a Coreia do Norte onde assinou uma parceria militar entre os dois países.

Hoje, terça-feira, 25 de Junho, a Igreja da Coreia do Sul celebra um Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade Nacional, no final de uma iniciativa global de mobilização dos fiéis que envolveu todas as paróquias e que começou no passado dia 17.

Esta iniciativa, que se assinala desde 1965, surge num dos momentos mais delicados da história recente da península coreana. De facto, as relações entre os dois vizinhos estão num dos pontos mais baixos, tendo-se registado muito recentemente diversos incidentes na fronteira, com soldados da Coreia do Norte a atravessarem a chamada “zona desmilitarizada” que separa ambos os países, e depois de Vladimir Putin ter efectuado na semana passada uma visita de Estado a Pyongyang onde celebrou um pacto de parceria militar entre os dois países.

É neste ambiente de tensão que a Igreja iniciou uma novena de oração em todas as paróquias na Coreia do Sul, que termina hoje com um Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade Nacional, em que toda a comunidade católica reza por uma paz autêntica na península.

No arranque desta jornada de oração, o Bispo coreano D. Simon Kim JongGang, que é também presidente do Comité de Reconciliação Nacional da Conferência Episcopal Coreana, lançou a pergunta que é em si mesma a constatação do momento extremamente delicado que se está a viver: “O que podemos fazer agora que as relações intercoreanas estão à beira do colapso?”, disse o prelado citado pela agência Fides. “O que podemos fazer é a nossa conversão”, acrescentou. Palavras que foram sublinhadas também pelo Bispo de Chuncheon, D. Kim Ju-young, que afirmou estar preocupado ao ver “desaparecer a esperança de que os conflitos possam ser resolvidos através do diálogo e da cooperação, pois parece que é enfatizada apenas a segurança através do uso da força militar”.

GUERRA DA COREIA COMEÇOU HÁ 74 ANOS

Este ano de 2024 assinala o 74º aniversário do início da Guerra da Coreia, um conflito que teve início precisamente no dia 25 de Junho quando tropas da Coreia do Norte atravessaram a fronteira para o sul. O conflito militar foi muito violento, durou aproximadamente três anos, entre 1950 e 1953, e saldou-se por quase 4 milhões de mortos e feridos entre militares e civis. No final, houve um cessar-fogo entre ambos os beligerantes mas nunca foi assinado qualquer tratado de paz pelo que, tecnicamente, Coreia do Norte e Coreia do Sul continuam em guerra.

A questão coreana também preocupa o Papa Francisco, que já manifestou, em Agosto de 2022, o desejo de visitar Pyongyang. Em Setembro do ano passado, perante um grupo de fiéis oriundos de Seul que se deslocaram até ao Vaticano para a inauguração de uma estátua ao primeiro mártir coreano – André Kim Taegon, que viveu e estudou em Macau –, o Santo Padre pediu a sua intercessão “para que se realize o sonho da paz na península coreana”. “Quando André Kim estudou teologia em Macau, foi testemunha dos horrores das Guerras do Ópio. Naquele contexto de conflito, conseguiu ser semente de paz, levando todos ao encontro e ao diálogo”, referiu o Santo Padre.

Referindo-se directamente à Igreja coreana, Francisco recordou que “ela nasce dos leigos e é fecundada pelo sangue dos mártires; as suas raízes são regeneradas pelo generoso impulso evangélico das testemunhas e pela valorização do papel e dos carismas dos leigos”. Deste ponto de vista, o Papa falou na “profecia para a Península Coreana e para o mundo inteiro: ser companheiros de viagem e testemunhas de reconciliação, pois o futuro não se constrói com a força violenta das armas, mas com a força suave da solidariedade”.

CRISTÃOS SOB AMEAÇA NA COREIA DO NORTE

A Coreia do Norte é considerado como “o país mais isolado” do planeta e tem vindo a ser classificado sistematicamente no Relatório sobre a Liberdade Religiosa, da Fundação AIS, como tendo “um dos piores registos de direitos humanos” em todo o mundo.

No mais recente desses Relatórios, publicado há precisamente um ano em Lisboa, refere-se que, em 2022, segundo a organização Portas Abertas, estimava-se em “cerca de 400 mil” os cristãos que vivem na Coreia do Norte. Todos eles estarão em grande ameaça pois, caso sejam descobertos pelas autoridades “são deportados para campos de trabalho como criminosos políticos ou mesmo mortos no local, e as suas famílias partilharão também o seu destino”.

Actualmente, as três dioceses católicas da Coreia do Norte estão vacantes, à espera de um dia poderem ser retomadas. A Fundação AIS acompanha a questão coreana com particular atenção. Em 2017 houve mesmo um momento de oração muito especial no edifício existente na fronteira entre as duas Coreias.

Protagonizado por D. Sebastian Shaw, que liderava uma delegação da instituição, e de que fazia parte, entre outros, o secretário-geral internacional da Fundação AIS, Philipp Ozores, o Arcebispo de Lahore rezou pela reconciliação entre os dois países, para que “as pessoas possam viver em paz e harmonia e sem medo” da ameaça nuclear.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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O relatório da Fundação AIS analisa a situação da liberdade religiosa em 196 países. É um dos quatro relatórios sobre a situação da liberdade religiosa a nível mundial, sendo o único relatório não governamental na Europa que tem em conta a doutrina social católica.

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