Catequistas:
Missionários da Fé
Em muitas regiões do mundo, onde a presença de sacerdotes é limitada, são os catequistas, homens e mulheres de fé inabalável, que mantêm viva a chama do Evangelho. Verdadeiros missionários, percorrem, muitas vezes, caminhos difíceis para levar a Palavra de Deus às comunidades mais isoladas.
A Fundação AIS apoio estes heróis da fé, oferecendo formação, meios de subsistência, transportes, Bíblias e material catequético. Como recorda um formador da Escola da Fé, no Maláui: “Os catequistas chegam a lugares onde os padres muitas vezes não vão… São os catequistas que levam a mensagem de Deus ao povo e preparam a comunidade.”
Em contextos de pobreza, perseguição ou isolamento, os catequistas são a âncora espiritual de milhares de famílias. Com enorme dedicação, oferecem fé, consolo e acompanhamento espiritual. São muitas vezes a única presença visível da Igreja, onde quase mais ninguém chega, sustentando, nesses lugares, a vida comunitária com amor e compromisso.
Estes homens e mulheres preparam crianças e adultos para os sacramentos, evangelizam aldeias esquecidas e fortalecem comunidades com uma fidelidade silenciosa e heróica. São os alicerces vivos da Igreja nos lugares mais vulneráveis do mundo.
O Papa Leão XIV, durante o Jubileu da Esperança com os catequistas em Roma, destacou o trabalho incansável destes homens e mulheres: “Os catequistas são a vida da Igreja nas periferias da fé; eles levam a luz de Cristo a todos os recantos, com paciência e amor, tornando visível o coração da Igreja para aqueles que mais necessitam.”
Apoie os catequistas
Que nunca falte à Igreja a coragem destes missionários da fé e que, através de cada um de nós, Deus possa continuar a chegar a regiões que o mundo ignora ou desconhece mesmo.
Graças a si, esta missão continuará! Obrigado!
Onde a fé resiste, o “Sim” silencioso dos catequistas é luz para a sua comunidade!
Estes são testemunhos reais e profundamente comoventes de quatro países, Sudão do Sul, Burquina Fasso, Tanzânia e Paquistão, onde catequistas arriscam a vida para que a fé não desapareça, pois são em lugares marcados pela violência, pela pobreza extrema ou pela perseguição religiosa.
SUDÃO DO SUL
Ensinar Deus à sombra das árvores
O mundo de Peter Jurwel é duro, difícil e exigente. O trabalho dos campos é agreste. A terra tem de ser revolvida para ser semeada e os animais precisam de ser guardados durante a noite por causa dos ladrões. Não há descanso. É sempre assim, faça chuva ou faça sol. Mas é neste pedaço do Sudão do Sul que Peter assume o seu trabalho de catequista. É um agricultor que semeia as terras e, ao mesmo tempo, a Palavra de Deus. E pede ajuda...
Por ali, no mundo de Peter, a civilização parece distante. Os campos são trabalhados a golpes de enxada e são essas mesmas mãos calejadas que depois largam as sementes à espera que do céu caia alguma chuva e o castanho acinzentado da terra se transforme numa promessa de verde, de vida. Peter pertence à tribo Dinka, uma das principais do Sudão do Sul. Mas ele vê-se sem vaidades, como um homem simples que procura tirar o sustento do dia-a-dia no ventre da terra. A sua grandeza é outra. É que Peter Jurwel é também catequista. E por ali isso faz toda a diferença.
Na falta de sacerdotes que possam visitar todas as aldeias, que possam celebrar em todas as capelas, mesmo as mais insignificantes, as que se confundem com simples cabanas feitas de troncos e folhas de árvores, são os catequistas que assumem a vida da Igreja. E fazem-no com um brio especial.
Catequistas, os rostos da Igreja
Peter gosta do seu mundo rural marcado pelo ritmo da natureza, onde o sol impera e a chuva decide a abundância da comida. Mas é mesmo duro. “A vida é difícil nos campos de gado”, explica-nos. “Os rapazes ficam acordados a guardar as vacas dos ladrões. As pessoas dormem ao ar livre em camas desconfortáveis. À noite, chove sobre elas. De manhã, recolhem estrume e fazem as tarefas domésticas”, acrescenta, como se isso, recolher estrume, fosse a coisa mais banal do mundo. Mas por ali é.
Tornei-me catequista para que o nosso povo conhecesse a Palavra de Deus e abandonasse tradições como a bruxaria.”
Durante o tempo em que a equipa da AIS esteve na aldeia de Peter, deu para perceber que ele é muito estimado. As pessoas falam com ele com afecto, com simpatia. Talvez seja também por ser o catequista, o homem que substitui, de certa forma, o padre. Por ali, Peter é o rosto da Igreja. Há muitos catequistas no Sudão do Sul, o que é precioso.
O Padre John Malou Beny diz que só na sua diocese haverá mais de 300. “Eles vivem em comunidade. Estão na linha da frente da evangelização. Apesar das carências, de não terem nada para sustentar as suas famílias, para se sustentarem a si próprios, continuam a fazer o seu trabalho”, diz.
De facto, é notável uma tal atitude. Peter não esconde que por vezes as necessidades são muitas. Ele é catequista da aldeia, mas é pai de família também. E sente isso por vezes de forma muito dura. “Em Novembro, na estação seca, a comida é escassa. Se eu não cultivasse, se eu apenas desse catequese, a vida seria muito difícil”, diz. “Mas no trabalho da Igreja, dou o meu melhor”, garante. E dá mesmo.
Quando tenho dificuldades, espero que alguém me ajude a continuar. Precisamos da vossa ajuda, diz aos benfeitores da Fundação AIS, especialmente quando há pouca comida. As vossas orações e apoio irão trazer a Palavra de Deus ao Sudão do Sul.”
À falta de instalações, a sombra de uma árvore generosa é suficiente para se improvisar uma sala de aulas. Algumas cadeiras de plástico emprestam alguma solenidade e é assim, com várias crianças, jovens e até adultos sentados à sua frente, que Peter vai semeando a Palavra de Deus. Por ali estuda-se, mas também se ensaiam cânticos. É tudo feito ao ar livre. E não faltam sorrisos.
Apoie os catequistas do Sudão do Sul:
Apoio alimentar a 359 catequistas que trabalham na Diocese de Rumbek, para levar a alegria de Cristo, o perdão e a cura às comunidades locais.
20.000 €
BURQUINA FASSO
“Optei por morrer como mártir”
O Burquina Fasso é um dos países de África onde a ameaça terrorista é mais forte. Cerca de 40% do país está nas mãos ou é controlado pelos grupos armados que transformaram o jihadismo na bandeira do medo. Apesar de todos os riscos, Mathieu e a mulher, Pauline, nunca renunciaram à missão de catequistas. Até que foram raptados em Maio de 2018. Viveram um inferno. Rezaram juntos o terço mais de 700 vezes. A oração manteve-os vivos.
Mathieu Sawadogo não gosta de falar de si próprio e muito menos como herói, mas esse silêncio apenas acrescenta valor à sua história, ao que já sofreu como catequista. Ele e a mulher viveram quatro longos meses de cativeiro às mãos de um dos muitos grupos terroristas que infestam este país. Rezaram constantemente terços sobre terços, implorando à Mãe de Deus que os livrasse daquele sofrimento. Rezaram com pedrinhas, simulando as contas do terço. Rezaram com a convicção profunda de uma fé provada na violência e no medo.
Enviado para uma aldeia perto do Mali
Mathieu aceitou contar um pouco da sua história para agradecer aos benfeitores da Fundação AIS que ajudam catequistas como ele. Em 2015 foi enviado para Baasmere, perto da fronteira com o Mali, zona já então perigosa pela violência terrorista. A princípio atacavam apenas militares e polícia, mas depois também as populações. Baasmere pertence à Paróquia de Aribinda, Diocese de Dori. Na altura não haveria mais de 150 a 200 católicos.
“Muitos morreram como mártires...”
O primeiro sinal chegou em 2018, quando um grupo foi a casa de Mathieu pedindo-lhe para parar de rezar. Não traziam armas. Queimaram apenas lojas de bebidas alcoólicas. O pior veio a 20 de Maio de 2018. Ao meio-dia, um grupo de dez homens armados irrompe porta dentro. “Porque é que ainda estás aqui?”, perguntaram-lhe. “Sou catequista, este é o meu dever”, responde. Mandaram-no deitar no chão, vendaram-lhe os olhos e ataram-lhe as mãos e os pés. Ouviu-os a destruir os seus bens e a deitar-lhes fogo. Depois, colocaram-no na parte de trás de uma mota, entre dois terroristas. “Pensei que ia morrer”, recorda Mathieu.
Com os olhos vendados, nem percebeu que Pauline também fora levada. “Passámos quatro meses no deserto. Pensei que me iam matar, mas não senti medo. Perdi a esperança de viver, mas nunca renunciei à fé. Optei por morrer como mártir. Usávamos pedrinhas em vez de contas. Todas as noites rezávamos 700 contas do terço.” Hoje, Mathieu não tem sombra de ódio. “Pela graça de Deus, Ele ouviu as nossas orações e sobrevivemos. Mesmo que Jesus me chamasse, Ele não me ia abandonar.”
Há toda uma certeza na fé de Mathieu que impressiona. Mas ele lembra que se sobreviveu ao cativeiro, muitos outros cristãos foram também raptados, levados à força e mortos. E não é possível esquecê-los.
Muitos morreram como mártires para nos trazer o Evangelho. Se prometemos seguir Jesus nos bons e maus momentos, não podemos negá-l’O nas provações. Pedimos a vossa ajuda para o Burquina Fasso. O nosso fardo é pesado. A vossa generosidade irá reconstruir a nossa vida de fé, outrora tão bela.”
A história de Mathieu é um hino à coragem dos Cristãos do Burquina Fasso, mas também em todos os países de África onde a ameaça jihadista tem vindo a crescer como um vírus maligno que parece imparável. Ele pede-lhe ajuda, pede a sua generosidade. Como não o ajudar?
Apoie os catequistas do Burquina Fasso:
Oferta de 16 motocicletas para a missão dos catequistas da Paróquia de S. Alberto Magno, em Rollo, para servir os mais de 3.000 cristãos e famílias deslocadas na região.
18.760 €
TANZÂNIA
“Fui expulso da aldeia onde vivia”
Descobriu Jesus e foi de tal forma arrebatador esse enamoramento que decidiu converter-se ao Cristianismo e hoje George é até catequista. Mas não tem sido fácil a sua vida. Foi expulso da aldeia onde vivia, foi perseguido e os vizinhos muçulmanos não perdem uma oportunidade para o ridicularizar. A ele e a todos os catequistas que há por ali. Mas George não desiste e a sua coragem é inspiradora...
A capela onde George dá catequese é pouco mais do que rudimentar. Paredes de tijolo, chapas de zinco como telhado, bancos corridos feitos de simples tábuas de madeira e uma cruz na parede atrás do altar. Há sinais de ruína, rachas nas paredes e no chão, e clareiras no telhado que nada prenunciam de bom quando as nuvens se adensam. Mas tudo está impecavelmente limpo. Não há um dia em que George não varra o chão ou não coloque uma toalha branca sobre o altar e que não se faça à estrada para ir ao encontro das comunidades espalhadas pela zona. George é um catequista exemplar.
Era muçulmano, mas um dia descobriu Jesus e converteu-se. Foi a tal ponto arrebatador que hoje é catequista. Mas foi também doloroso. “A história da minha vocação é curta. Deixei o Islamismo e converti-me ao Cristianismo. Fui expulso do lugar, da aldeia onde vivia. Fui perseguido, mas mesmo assim não perdi a esperança, mantive-me firme no Cristianismo”, conta-nos no largo que fica defronte da capela, onde as crianças jogam à bola antes da catequese.
George manteve-se firme, mas tem pago um preço alto por isso. “Aqui há muitos muçulmanos, e quando nos vêem gozam connosco. Não aceitam a nossa mensagem, desprezam-nos por sermos catequistas, mas não podemos perder a esperança”, conta-nos.
Alicerces da fé cristã
Mas o exemplo de George foi fazendo caminho. Aos poucos, outros vizinhos e habitantes das aldeias em redor foram reparando naquele homem de meia-idade, de sorriso tímido e bondoso, que se abeira das casas rudimentares da região, cumprimenta todos, escuta-os e abraça-os. Assim, ouvindo e abraçando, toca as suas vidas, torna-se parte delas, quase família. E outros muçulmanos, vendo esse exemplo, deixam-se tocar também por Jesus. “Houve alguns que, depois de eu me fortalecer na fé, pude ajudar a tornarem-se cristãos, e ainda hoje estão firmes na fé cristã”, afirma George.
Na Tanzânia, os catequistas são um dos alicerces da vida da Igreja. Há poucos padres para tantas pessoas espalhadas por pequenas aldeias e lugares distantes. Chegar a todos é um desafio.
“Os catequistas são os alicerces na construção da fé cristã, porque aqui há poucos padres e, se não houvesse catequistas, o Cristianismo enfraqueceria. É claro que há grandes desafios nas minhas funções pastorais. Durante a estação das chuvas, o padre pode vir uma vez, ou nem sequer vir. Quando levamos a comunhão ou visitamos os doentes, chegamos a percorrer 10 km”, relata George. São 10 km que às vezes são feitos a pé, por entre caminhos de terra batida no meio de uma vegetação exuberante que só por si é um sinal da presença de Deus.
Ajudar os catequistas da Tanzânia é assegurar que a Palavra de Deus continua a ser espalhada de aldeia em aldeia, de casa em casa. É garantir que outros possam vir a descobrir Jesus, como George.
Às vezes vamos de bicicleta, mas quando está avariada temos de ir a pé. Simplesmente caminhamos. Isso afecta a nossa missão porque não temos meios, afecta o nosso ministério porque não podemos ir a todos os lugares que tínhamos planeado. Ajudem-nos a fazer melhor o nosso trabalho, em prol da nossa Igreja.”
É permitir que tenham bicicletas para se deslocarem, Bíblias e cadernos para as aulas, e capelas com menos buracos nos telhados para que a chuva do Inverno não impeça as celebrações de dezenas de fiéis aos Domingos. Ajudar os catequistas da Tanzânia está nas suas mãos…
Apoie os catequistas da Tanzânia:
Apoie a reconstrução do Centro Catequético de S. Mathias Mulumba, em Lindi, que está à beira da ruína e onde os catequistas semeiam a fé.
30.000 €
PAQUISTÃO
Contágio de amor
A história de Babu Patras é notável na sua simplicidade e na sua força silenciosa. Vive no Paquistão, onde a fé é muitas vezes posta à prova. Na sua família, servir os outros é quase um legado. O seu bisavô foi catequista, os pais foram catequistas, e ele próprio diz com orgulho: “Sou catequista”.
Ele não o afirma por vaidade, mas com humildade e coragem. E é preciso muita coragem… Ser catequista no Paquistão não é fácil. Não é preciso sequer lembrar os múltiplos episódios de perseguição religiosa, nem as acusações de blasfémia que tantas vezes servem para calar os Cristãos. Basta pensar no desafio de quem, todos os dias, partilha a fé entre os mais pobres e marginalizados, muitos sem instrução, mas sedentos do amor de Deus. Babu Patras é ainda novo. Atrás das lentes grossas dos seus óculos, vê um mundo duro: ruas de terra batida, casas de tijolo cru, carroças puxadas por animais, crianças e homens a amassar barro para a construção. São os seus eleitos. É difícil ser cristão no Paquistão. E, ainda assim, Babu não desiste.
Um contágio de amor que levou bisavô e pais a serem catequistas. E é isso que ele também é com orgulho. “Eu costumava ir à Missa com o meu pai e preparava a igreja sozinho. Decidi dedicar a minha vida ao povo de Deus. No Paquistão, é muito difícil ser cristão”, diz. Leva a Palavra de Deus até aos que mal sabem ler. “A nossa missão é partilhar as alegrias e as tristezas das famílias. Leio o Evangelho na Liturgia, rezo nas casas e igrejas, abençoo-as. Preparo casais e os mais novos para a Sagrada Eucaristia.” Com autorização do padre, chega mesmo a administrar alguns sacramentos.
Babu recebeu formação graças a uma bolsa oferecida pelos benfeitores da Fundação AIS. Agora quer inspirar outros jovens a serem catequistas. Num país onde os Cristãos são confundidos com os mais pobres, os catequistas estão junto das populações, mesmo nos bairros mais miseráveis, onde ninguém mais vai. Por isso, Babu pede-lhe ajuda: “O vosso apoio é necessário para que uma nova geração de catequistas também possa servir a Palavra de Deus.”



