“Há motivos para preocupação”, diz Marie-Claude Lalonde, directora do secretariado da Fundação AIS no Canadá, face ao avolumar de incidentes motivados por ódio religioso neste país da América do Norte. O Relatório da fundação pontifícia detalha que esse aumento foi de cerca de 32%.
Os incidentes anticristãos estão a aumentar no Ocidente. Esta é uma das principais conclusões do Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, divulgado no passado dia 21 de Outubro. O documento refere que “a Europa e a América do Norte testemunharam um aumento significativo de ataques contra locais e fiéis cristãos”, e que isso é particularmente visível em alguns países. É o caso da França, Grécia, Espanha, Itália, Croácia, Estados Unidos e Canadá.
Neste país, o Canadá, pode ler-se no Relatório, “pelo menos 33 igrejas foram destruídas por incêndios entre Maio de 2021 e Dezembro de 2023, e 24 incidentes foram confirmados como incêndios criminosos”. Marie-Claude Lalonde, directora do secretariado da AIS no Canadá, mostra-se preocupada com o aumento da violência e de actos de intolerância neste país da América do Norte.
Eu costumava dizer que aqui era principalmente uma questão de indiferença ou desconforto com a religião. Isso já não é o caso. Nos últimos dois anos, temos visto um aumento de crimes de ódio religioso e, acima de tudo, de discriminação mal disfarçada.”
Marie-Claude Lalonde
E refere o caso específico da província do Quebec, cujo executivo é liderado por François Legault. “No Quebec, é difícil não haver preocupação quando as declarações do governo do Sr. Legault resvalam para um secularismo fechado, contrário a qualquer expressão religiosa no espaço público. Nesse sentido, compartilho as preocupações dos bispos de Quebec”, afirma Lalonde, deixando uma pergunta no ar: “Até onde iremos na restrição da liberdade religiosa?”.
A questão da eutanásia
Os incidentes registados no Relatório da Fundação AIS ocorridos no Canadá não devem ser ignorados. “Há motivos para preocupação”, afirma Marie-Claude Lalonde, numa nota informativa da responsabilidade do próprio secretariado local da fundação pontifícia.
Mas há outras inquietações. A questão de consciência diante da eutanásia é um exemplo. “Será que os profissionais de saúde ou instituições como a ‘Maison Saint-Raphaël’, em Montreal, conseguirão continuar a prestar cuidados que respeitem os valores defendidos pela equipa e pela direcção da instituição?”, pergunta. “Esta questão está a ser colocada em todo o Canadá, e devemos reafirmar claramente a importância de se respeitar a liberdade de consciência, sem esquecer, é claro, a liberdade religiosa. Além disso, agir de outra forma seria uma grave violação desses direitos fundamentais, protegidos pelo Artigo 18º da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, afirma a directora do secretariado da AIS do Canadá.
“A liberdade religiosa é uma liberdade que tem de ser protegida e, como afirma o nosso lema deste ano: a liberdade religiosa é um direito, não um privilégio”, conclui.
Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt





