BURQUINA FASSO
Cruz dolorosa
No Burquina Fasso, os ataques de grupos armados jihadistas continuam a espalhar o medo e a morte. Querem impor um califado onde os Cristãos não têm lugar. Milhões de pessoas foram já forçadas a fugir, buscando refúgio agora em campos de deslocados internos. Esta crise tem assolado o país há já vários anos, deixando a população vulnerável e desamparada, a lutar pela sobrevivência no dia-a-dia.
“Precisamos de comida, de medicamentos, de água potável… A nossa vida aqui é difícil… Se não fosse a vossa ajuda seria ainda pior…” diz Assanon, esta jovem mãe que vive com o seu filho ainda bebé num destes campos. As histórias que nos chegam deste país são de partir o coração. Não podemos ficar indiferentes a tanto sofrimento.
A sua ajuda é urgente!
Os Cristãos no Burquina Fasso têm vindo a ser um dos alvos principais dos vários grupos terroristas que desde há vários anos sobressaltam este e vários países da região do Sahel, em África.
Desde os primeiros ataques em 2015, os Cristãos do Burquina Fasso já não podem exercer livremente o seu direito à liberdade religiosa, vivendo num país amordaçado, vítimas de ataques sistemáticos, sujeitos aos grupos extremistas muçulmanos que continuam a atacar e a matar os Cristãos. De forma acentuada nos últimos anos, este país tem-se tornado num ponto de encontro de grupos jihadistas. Calcula-se que controlam já cerca de 40% do país, com destaque para o autoproclamado Estado Islâmico da Província da África Ocidental, e o Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (grupo ligado à Al-Qaeda do Magrebe Islâmico).
O impacto sobre a população civil tem sido catastrófico. Mortes, violações, conversões forçadas. Muitas crianças estão a ser recrutadas à força como crianças-soldado, pelos militantes jihadistas. São milhares de pessoas que precisam de ajuda, que precisam de alguém que as escute, que precisam de alimentos, que precisam, afinal, de tudo… Neste país africano, um dos mais flagelados pelo terrorismo [há mais de dois milhões de deslocados internos, cerca de 10% da população], esta é já considerada como a crise humanitária mais negligenciada em todo o mundo. O papel da Igreja faz toda a diferença.
Todos os testemunhos narrados têm um elemento comum. São pessoas que se sentem perdidas, que fugiram da violência jihadista e estão agora a viver em campos de deslocados. Não podemos ignorar o sofrimento dos nossos irmãos cristãos no Burquina Fasso.
Para dar resposta a tantas pessoas angustiadas, em lágrimas, a Fundação AIS avança com esta campanha de solidariedade para estes cristãos que têm as suas vidas tão ameaçadas, mas que, apesar disso, nos têm dado tantas provas de coragem e de fé. O que fizermos por eles, será sempre pouco.
Todos eles contam consigo, contam connosco!
“Não tenho nada”
Robert Sawadogo fugiu numa motorizada com a mulher e o filho. Conseguiu trazer consigo, à pressa, apenas um saco com meia dúzia de coisas. Foi tudo o que salvou face à chegada iminente dos terroristas à sua aldeia. Agora, os três vivem num campo de deslocados e os dias são dolorosos.
Sobreviver ao trauma
Moïse não consegue esquecer. No Domingo, 12 de Maio de 2019, estava na capela quando a Missa foi interrompida por um grupo de homens armados. Mandaram todos deitar-se no chão enquanto gritavam pelo padre. Mataram-no aos tiros. O padre caiu, a esvair-se em sangue, ainda com a Bíblia nas mãos.
O Sonho de Julien
Devido à ameaça terrorista, mais de 5000 escolas tiveram de fechar as portas. As famílias temem que os seus filhos sem ocupação caiam nas malhas dos grupos armados ou do banditismo. Resta a esperança no esforço da Igreja Católica que faz da educação uma das armas mais eficazes na luta contra o terrorismo.
Ajuda de subsistência e medicamentos para famílias deslocadas na Paróquia de Linonghin, na Diocese de Ouagadougou.
62.000 €
Formação de 360 padres, religiosos e catequistas, para o tratamento de traumas e recuperação emocional dos deslocados e refugiados, na Diocese de Ouahigouya.
38.090 €
Cabazes alimentares e escolarização para crianças e jovens deslocados na Diocese de Fada N’Gourma e na Diocese de Nouna.
127.000 €
"Não tenho nada"
Fugiu numa motorizada com a mulher e o filho. Conseguiu trazer consigo, à pressa, apenas um saco com meia dúzia de coisas. Foi tudo o que salvou face à chegada iminente dos terroristas à sua aldeia. Agora, os três vivem num campo de deslocados e os dias são dolorosos.
O que mais impressiona é o olhar triste, cansado. Robert Sawadogo é um dos cerca de 2 milhões de deslocados internos do Burquina Fasso. A sua história confunde-se com a de tantos e tantos outros que tiveram de fugir perante a ameaça de grupos terroristas, de grupos jihadistas que querem impor um Islão radical pela força das armas. E os Cristãos são um dos seus alvos. Robert sabe-o bem.
A aproximação dos terroristas à sua aldeia não deixou alternativa. Era preciso fugir. Puseram tudo o que cabia num saco e partiram. Ele, a mulher e o filho ainda pequeno. Salvaram a vida, mas é com desespero que olham agora para o futuro. “A minha mulher chegou aqui apenas com um prato vazio na mão. Este ano, o Natal está a aproximar-se e eu não tenho nada, nem sequer um grão de arroz.” O olhar de Robert diz tudo.
O campo de refugiados em que se encontra Robert Sawadogo é praticamente igual a todos os outros no Burquina Fasso. As pessoas parecem fantasmas, carregadas de infelicidade, de desespero e de angústia. Isolados, sem terra para trabalhar, a vida destes deslocados, destas vítimas do terrorismo, depende exclusivamente da boa vontade de instituições como a Fundação AIS. Apesar disso, apesar das nuvens carregadas que ensombram a vida de Robert Sawadogo e de todos os outros deslocados, apesar disso, ainda há uma réstia de esperança: É a fé a alimentar os dias, a alimentar um futuro que parece cada vez mais distante.
HAVER CRISTÃOS É UM MILAGRE
É assim em muitos lugares. Na Diocese de Fada N’Gourma, na região oriental do país, por exemplo, cinco paróquias estão fechadas devido à ameaça dos terroristas. O Bispo de Dori, D. Laurent Dabiré, precisa de ajuda do helicóptero das Nações Unidas para entrar ou sair da sua diocese. E, se optar pela estrada, tem de integrar uma escolta de veículos militares. De outra forma, a viagem será um suicídio.
As suas palavras são um testemunho da urgência no socorro a este país. “É um milagre ainda haver Cristãos no Burquina Fasso. Todos os dias alguém vem ter comigo para me dizer: ‘Senhor bispo, mataram 30 pessoas esta manhã’. E eu ainda não terminei de ouvir esse relato e já alguém interrompe para dizer: ‘Bispo, acabaram de matar 15 pessoas perto de mim’.” Estas palavras de D. Dabiré à Fundação AIS ajudam a explicar como é o seu dia-a-dia, como é difícil gerir sentimentos, esperanças e vidas num ambiente tão marcado pela violência mais extrema.
D. Dabiré diz que, normalmente, quando os terroristas chegam às aldeias, ou começam logo a disparar indiscriminadamente, incendiando as casas, destruindo tudo, ou então optam por raptar os rapazes e as raparigas. “Os rapazes são levados para se tornarem soldados, e as meninas para serem escravas sexuais dos combatentes.”
Se Deus nos der paz, e se conseguirmos voltar para a nossa aldeia, vamos poder trabalhar para nos sustentarmos, para educar os nossos filhos, e mantermo-nos fiéis à nossa fé.
Até lá, até esse dia de sonho, Robert, a mulher e o filho e todos os que vivem nos campos de deslocados, precisam de nós para sobreviver. A começar pelo pão de cada dia.
Sobreviver ao trauma
Moïse não consegue esquecer. No Domingo, 12 de Maio de 2019, estava na capela da sua aldeia quando a celebração da Missa foi interrompida por um grupo de homens armados. Mandaram todos deitar-se no chão enquanto gritavam pelo padre. Mataram-no, logo ali, aos tiros. O padre caiu, já a esvair-se em sangue, mas ainda a segurar a Bíblia nas suas mãos.
Era para ser um Domingo como todos os outros. Na capela, na pequena capela da aldeia de Badló, os paroquianos celebravam a Missa sem se terem dado conta de que se aproximavam homens armados, os temíveis terroristas que têm deixado um lastro de medo e morte no Burquina Fasso ao longo dos últimos anos.
“A Missa tinha começado como de costume”, relata à Fundação AIS, sentado junto à sua bicicleta. Os terroristas entraram na capela, aos gritos, ordenando a todos que se deitassem no chão. Para Moïse, nesse instante assaltaram-no logo as palavras que os padres costumam dizer no primeiro dia da Quaresma, quando colocam um pedaço de cinza na cabeça dos fiéis: “Lembre-se que és pó e em pó te irás tornar”. Com o rosto colado ao chão da capela, Moïse deve ter visto a correr, de memória, toda a sua vida. Mas o sobressalto maior estava ainda para acontecer. Os terroristas queriam apanhar o padre. E gritavam por ele: “pastor, pastor!”.
O Padre Simeon voltou-se. Tudo aconteceu num par de segundos. O padre voltou-se, ainda a segurar a Bíblia, quando se escutaram os disparos. “Alvejaram-no. Viver este horror traumatizou-me”, relata-nos Moïse com um sorriso triste.
FERIDAS INVISÍVEIS
Não é fácil a vida quando as feridas entristecem o sorriso, mas não estão visíveis. São como cicatrizes da alma. Moïse é um exemplo dos muitos paroquianos, dos muitos fiéis que pedem agora ajuda ao Padre Bruno Ouedraogo. Há um número impossível de contar de pessoas traumatizadas pelo terrorismo no Burquina Fasso. Há os que viram os terroristas de frente, como Moïse, há os que perderam pais ou filhos ou amigos e vizinhos, e há os que foram obrigados a fugir sem nada e agora vivem sem futuro, algures num dos muitos campos de deslocados ou refugiados que há na região. Que se pode dizer a quem pede ajuda, a quem vive traumatizado pela violência desumana dos terroristas? O Padre Bruno fala sempre na oração, na importância da fé que mostra a presença de Deus mesmo no meio da maior desgraça e sofrimento. “A oração é a arma mais eficaz, a arma mais eficaz em tudo”, explica o sacerdote. “É verdade que quando se é afectado mental ou moralmente é difícil.Mas, pouco a pouco, somos capazes de entrar na vida dessa pessoa e trazê-la de volta…”
A Fundação AIS está profundamente empenhada neste trabalho essencial de proximidade com todos os traumatizados pelo terrorismo no Burquina Fasso. São milhares de pessoas que precisam de ajuda, que precisam de que alguém as escute, que precisam de um abraço fraterno. São pessoas como o Padre Bruno Ouedraogo que conseguem trazer de novo para a vida pessoas como o Moïse.
A Igreja faz o acompanhamento, dá apoio moral, material e financeiro para ajudar estas pessoas a sair da miséria em que se encontram.
A vida para milhares e milhares de deslocados é dramática. Cada dia que passa é um desafio para a sua sobrevivência. Está nas nossas mãos salvar estas vidas. A nossa ajuda representará, para muitos, a diferença entre a vida e a morte…
O sonho de Julien
Devido à ameaça terrorista, mais de cinco mil escolas foram forçadas a fechar as suas portas. Para as famílias isto é angustiante, pois temem que os seus filhos sem ocupação caiam nas malhas dos grupos armados ou do banditismo. Para contrariar esta situação, resta a esperança no esforço da Igreja Católica que faz da educação uma das armas mais eficazes na luta contra o terrorismo.
Tem apenas 11 anos, mas os seus pais já olham com preocupação para o seu futuro. Julien, ao contrário de muitos dos outros rapazes ou raparigas que vivem em Ouagadougou, a capital do Burquina Fasso, está matriculado na escola e todos os dias vai até à Paróquia de São Guilherme de Tanghin, onde normalmente se cruza com o Padre Urbain.
A vida neste país está marcada há vários anos pela violência brutal de grupos armados que querem implantar à força, e sem misericórdia, o Islão mais radical. A ameaça constante destes grupos, os ataques que realizam nas aldeias, vilas e até cidades, levou ao encerramento de mais de cinco mil escolas em todo o país. É perturbante imaginar as consequências que isto tudo vai ter no futuro. Sem educação, os jovens vão tornar-se mais permeáveis à propaganda jihadista e muitos poder-se-ão até deixar aliciar pela militância nesses grupos terroristas.
Para os pais de Julien é terrível imaginar algo assim. “Pedimos a Deus que não permita que o nosso filho se envolva no terrorismo”, diz a mãe de Julien Sore. As suas palavras são ditas quase como numa oração. É mais do que um desejo, é mesmo uma prece. Ambos sabem que a vida do seu filho está em risco.
Todo o país está em risco. Vastas áreas do território do Burquina Fasso são já controladas pelos terroristas. Aí, nessas regiões, já não há escolas, nem igrejas, nada. Aí, nessas regiões, a autoridade é exercida pelos homens de negro que, de dedo no gatilho das metralhadoras, querem impor um califado onde os Cristãos não têm lugar.
DEUS É AMOR
O Padre Urbain Kiendrebeogo sabe bem como é importante a escola que está a funcionar na sua Paróquia de São Guilherme. É mais do que uma simples escola, embora as salas de aula sejam um espaço precário no recinto da igreja, com paredes de tijolo e tecto de zinco. Uns bancos corridos, também de tijolo, e um quadro negro na parede é tudo o que há por ali. Mas o que falta em equipamento, em estruturas, é compensado pela energia e dedicação de um punhado de professoras e do próprio sacerdote.
“Devido a este flagelo do terrorismo, a educação foi afectada. Há muitas crianças que já não podem aceder à educação e isso é realmente triste e lamentável para o nosso país. E uma das causas que leva os jovens a virarem-se para a droga, para o banditismo ou mesmo para o terrorismo, é a miséria, a pobreza e a falta de meios e, sobretudo, a falta de esperança.” explica-nos este sacerdote.
Julien é um dos alunos, das dezenas de rapazes e raparigas, que frequentam a escola que o Padre Urbain mantém junto à sua paróquia. Neste caso não se pode falar de uma escola de portas abertas, pois é mesmo quase ao ar livre, não fosse a cobertura de zinco, mas é preciosa para todas estas crianças. Ali, enquanto têm aulas, enquanto têm também catequese, vão ganhando conhecimento, vão aprendendo que Deus é amor e não o símbolo de terror que os jihadistas espalham à força das armas. Para Julien, o futuro é ainda um grande ponto de interrogação, mas há uma ideia que vai germinando na sua cabeça: “Quero ser electricista para ajudar a minha mãe e o meu pai”. E, para isso, todos os dias mostra ser um aluno aplicado, fazendo os trabalhos, estudando em casa pelo menos enquanto há luz do dia.
O horizonte é sombrio. No entanto, é sempre melhor prevenir do que curar.
A escola do Padre Urbain Kiendrebeogo, que é apoiada directamente pela Fundação AIS, alimenta os sonhos de Julien e de dezenas de outras crianças e é uma das armas mais eficazes contra o terrorismo, que está a minar o Burquina Fasso.
2024 - Dias sangrentos
Há muito tempo que o Burquina Fasso está a ferro e fogo por causa dos ataques terroristas. Este ano de 2024 está a ser um dos piores de sempre.
Insurgentes islâmicos atacaram a aldeia de Barsalogho situada a cerca de 30 km a norte de Kaya, a cidade capital da região Centro-Norte, e calcula-se que pelo menos 400 pessoas terão sido mortas.
Um grande grupo de terroristas cercou a aldeia de Sanaba, na Diocese de Nouma, reuniu a população e amarrou todos os homens com mais de 12 anos que eram cristãos, seguidores de religiões tradicionais ou que consideravam opositores à ideologia jihadista. Os terroristas conduziram-nos a uma igreja protestante e aí degolaram 26 homens, incluindo católicos.
A localidade de Manni, situada na região leste, foi palco de um brutal ataque terrorista que começou no Domingo, 6 de Outubro e se prolongou por três dias. Mais de 150 pessoas foram brutalmente assassinadas. Primeiro, cortaram as redes de comunicação dos telemóveis e só depois iniciaram o ataque ao mercado local, onde muitas pessoas se tinham reunido depois da Missa. Os terroristas abriram fogo indiscriminadamente sobre quem se encontrava no local, saquearam lojas e incendiaram vários edifícios, queimando vivas algumas pessoas que se encontravam no seu interior.
No dia seguinte, 7 de Outubro, os criminosos regressaram, atacando desta vez o pessoal médico e matando muitos dos feridos que estavam em tratamento na unidade de saúde local.
No dia 8 de Outubro, ocorreu uma nova incursão com os terroristas a invadirem de novo a localidade de Manni, massacrando todos os homens que encontraram pelo caminho.
A situação é mais do que horrível. Mas mesmo que os terroristas tenham queimado tudo, não queimaram a nossa fé.
Sobrevivente dos massacres
“Muitos fiéis estão dispostos a morrer”
“Vivemos num medo constante”, diz o Pároco Bertin Namboho. “Todos nós conhecemos pessoas que foram raptadas ou mortas. Os terroristas no Burquina Fasso são tão perigosos como o Boko Haram na Nigéria. Quando nos levantamos de manhã, não sabemos se ainda estaremos vivos ao fim da tarde.” O seu irmão sacerdote, o Pároco Jean-Pierre Keita, também já foi raptado: “Quando me levaram para a floresta, revistaram a minha mala e encontraram objectos sacerdotais, como uma alva, uma estola e vasos litúrgicos. Eu não menti e disse-lhes que era padre. No entanto, fui logo libertado.” Porém, tudo na sua paróquia foi saqueado e vandalizado, incluindo o altar, o sacrário e todos os objectos religiosos. A população fugiu.
O padre conta ainda: “Tive uma experiência de que nunca me irei esquecer: os terroristas entraram na enfermaria e arrancaram os cateteres aos doentes. Um deles era um bebé que eu ia baptizar em breve. Também lhe arrancaram o cateter e ele morreu. Quando se vive uma experiência destas como padre, o coração sangra.”
No entanto, a fé até cresceu, relata o Bispo D. Justin Kientega de Ouahigouya: “Muitos fiéis recusam-se a tirar as cruzes que usam. Estão dispostos a morrer. A Conferência Episcopal recebeu mais de 100 pedidos de beatificação de mártires”. Uma preocupação particularmente premente da Igreja, neste momento, é ajudar os que sofrem traumas graves, porque a boa vontade e as palavras de encorajamento não chegam para ajudar as crianças que viram os pais a ser degolados, as mulheres que foram violadas por terroristas e as famílias que perderam tudo de um dia para o outro. Alguns ficaram mudos por causa do choque que sofreram. Para reconduzir pessoas assim à vida, é preciso formação.
“Os mistérios do Cristianismo são um todo indivisível. Assim, o caminho de Belém conduz imparavelmente ao Gólgota, do presépio à Cruz. A sombra da Cruz cai sobre o brilho da luz que emana do presépio”, escreveu a mártir Santa Edith Stein. Os Cristãos do Burquina Fasso vivem esta realidade na própria pele, também este Natal.
A Igreja desempenha um papel absolutamente essencial nesta luta contra a fome, contra a miséria e a desolação em que se encontram todas as vítimas do terrorismo no Burquina Fasso.
Desde o início da crise, a Igreja foi a primeira estrutura que teve a coragem de estender a mão a todas estas pessoas vulneráveis, a todos estes milhares de deslocados. Não é só a ajuda material que está em causa com este trabalho essencial da Igreja. É também a certeza de que Deus Se faz presente em todos os que ajudam a distribuir comida, água, roupa e medicamentos.