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MOÇAMBIQUE: Amar no Meio do Sofrimento
Desde 2017, mais de 1.090 ataques jihadistas e o conflito armado entre os rebeldes e as tropas governamentais ceifaram milhares de vidas, devastando regiões inteiras e forçaram cerca de 850 mil pessoas a fugir. Várias igrejas foram completamente destruídas e várias paróquias da Diocese de Pemba estão órfãs. A maioria dos padres e religiosas nestas regiões fugiu com os seus fiéis. Estão agora a tentar dar continuidade ao trabalho pastoral entre os refugiados das suas paróquias.
“Corremos e fugimos, tentando esconder-nos aqui na praia. Há tiros por todo o lado. Seja o que Deus quiser, aqui em Palma… As casas foram abandonadas.” Esta foi uma mensagem enviada à Fundação AIS durante mais um ataque perpetrado em Março do ano passado, por mais de 150 rebeldes na cidade portuária de Palma, na região de Cabo Delgado. Este ataque, um dos últimos de maior dimensão, provocou a morte de dezenas de pessoas, agravando ainda mais o clima de insegurança que se vive no norte de Moçambique. Centenas de milhares de pessoas têm fugido de suas casas e agora precisam de alimentos, sustento e apoio.
A Fundação AIS está no terreno a apoiar bispos, padres e religiosas. Uma delas é a Irmã Mónica da Rocha, da Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima. Numa mensagem que nos enviou, esta religiosa disse que os deslocados “são pessoas sem nada, que dependem total ente da solidariedade. Estão de mãos vazias. Os refugiados são as vítimas… aqueles que, embora tenham conseguido fugir, perderam a sua família e os seus bens”. Esta continua a ser uma das nossas principais prioridades: apoiar o povo que sofre em Moçambique!
> Graças aos benfeitores da Fundação AIS podemos ajudar a Irmã Mónica, todas as religiosas, todos os sacerdotes e todas as pessoas da Igreja a serem expressão de amor no meio de tanto sofrimento. Vamos ajudar?
São, ao todo, quase 22 mil deslocados de Cabo Delgado em Nacala, apesar de esta diocese estar situada a mais de 400 km de distância. São quase 22 mil homens, mulheres e crianças. Essencialmente mulheres e crianças, muitas crianças. Todos eles são apenas uma uma gota no oceano da emergência social que tem agitado Moçambique desde que grupos terroristas começaram a lançar ataques armados, em Outubro de 2017, provocando um balanço de horror que contabiliza já mais de três mil mortos e mais também de 850 mil deslocados.
Na Paróquia de Itoculo vamos encontrar mais de uma centena destes deslocados. São, exactamente, 117 pessoas, das quais quase metade são crianças. Elas estão no centro de uma iniciativa lançada pela Caritas de Nacala e que tem o apoio da Fundação AIS. O objectivo é dar apoio psicossocial para que possam conseguir enfrentar com mais resiliência os desafios que enfrentam como vítimas da guerra.
A PAPINHA
No meio do chão, abrigados do sol inclemente de África pela sombra de algumas árvores generosas, um grupo de crianças inicia o momento mais saboroso: a papinha, que é o mesmo que dizer o lanche ou, muito provavelmente, a única verdadeira refeição do dia… O céu é o tecto, e a terra e as ervas o chão das salas e do refeitório. A comida das crianças, “a papinha”, como elas já aprenderam a dizer, é um verdadeiro ‘shot’ de vitaminas. Milho, leite, casca de ovo… o que se puder juntar. É que a fome é uma realidade cruel.
Zeca Virgílio e Amon Ali são dois monitores. Com indisfarçável orgulho envergam, cada um, a sua camisola azul com os símbolos da Caritas mas também da Fundação AIS (ACN). Virgílio sintetiza, num português difícil:
“Estou aqui para ajudar as crianças a rezar, tratar da higiene, lavar as mãos…”.
Mas o mais importante é quando consegue explicar que gosta muito do trabalho “porque está a ajudar as pessoas”.
APOIO PSICOSSOCIAL
Os tempos são difíceis, mas as respostas que a sociedade tem dado são sinal de alguma esperança. O projecto de Apoio Psicossocial a famílias deslocadas na Paróquia de Itoculo é disso um bom exemplo. Além da Cáritas e da Fundação AIS, além dos monitores Virgílio e Ali, este projecto conta também com a colaboração do Pe. Mário João. Sacerdote do Porto, está em missão em Moçambique. Vamos encontrá-lo em Mweravale, uma das comunidades que acolheu deslocados de Cabo Delgado.
“Chegaram aqui em Março de 2020. Em Setembro iniciámos este projecto com três valências: para os mais novos há os ‘Amigos das Crianças’, com brincadeiras, para tentarmos estar com elas e ajudá- -las a ultrapassar alguma coisa menos boa que tenham vivido com a fuga lá de Cabo Delgado. Para os mais velhos temos um espaço de capacitação em língua macua e em matemática, e também aquilo a que chamamos ‘Escuta Activa’ que é um espaço de partilha das histórias, boas e menos boas, que foram vividas, também com vista a ultrapassar as dificuldades nes e processo de guerra em Cabo Delgado…”, contou-nos o Pe. Mário.
TEMPOS DE INCERTEZA
Este projecto com o apoio directo da Fundação AIS envolve, além das 117 pessoas deslocadas de Cabo Delgado, um total de sete colaboradores locais apoiados por três missionários.
As aldeias de Mweravale e Ramiane são agora dois locais onde se escutam as vozes alegres e inocentes das crianças, especialmente quando chega o tempo da papinha. Para muitos destes deslocados os tempos são de grande incerteza. Muitos querem regressar às aleias de origem e estão na expectativa. Mas tudo parece indicar que a paz ainda estará distante… Para o Pe. Mário João “é sempre um desafio ajudar”.
Enquanto esse regresso não chega é urgente continuar a nossa ajuda junto de milhares de refugiados e deslocados em Pemba.
Esta é a nossa missão junto dos nossos irmãos em Moçambique… somos a mesma Igreja que chora com os que choram, que está presente junto dos que perderam o pouco que tinham e que se alegra com os seus sorrisos de agradecimento. E ‘obrigado’ é de facto a palavra que mais escutámos e que cada uma destas pessoas quer transmitir a todos os benfeitores da Fundação AIS: Kanimambo!
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