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BRASIL: D. Luiz Lisboa recorda missão em Pemba e pede para o mundo “não esquecer as guerras em África”

24 maio 2023
BRASIL: D. Luiz Lisboa recorda missão em Pemba e pede para o mundo “não esquecer as guerras em África”
Dois anos depois de ter saído da Diocese de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa volta a alertar para a urgência da ajuda às populações vítimas do terrorismo em Moçambique, e de todas as “cerca de trinta guerras” que há em África…

D. Luiz Fernando Lisboa esteve na Diocese de Pemba, em Moçambique, durante quase duas décadas. Em 2021, o Santo Padre enviou-o para o Brasil, para a diocese de Cachoeiro de Itapemirim, após ter sofrido ameaças de morte por causa das suas constantes denúncias sobre a situação na província de Cabo Delgado, palco desde 2017 de ataques terroristas. Agora, voltou a falar desses longos anos de missão na região mais pobre de um dos mais pobres países do mundo. Em declarações ao Vatican News, D. Luiz Lisboa volta a deixar um alerta para que o mundo não se esqueça de Moçambique e de todas as guerras que continuam a fazer vítimas no continente africano. “O apelo que eu faço é que nós não esqueçamos as guerras da África que são cerca de trinta. Das 50 guerras actuais no mundo, cerca de 30 são em África, e a guerra de Cabo Delgado é muito triste e tem provocado o êxodo das pessoas das suas aldeias, dos seus distritos, das suas cidades, em busca de salvar a própria pele.”

Mais de 6 mil mortos

Apesar de longe, D. Luiz continua a preocupar-se com Cabo Delgado, com o evoluir dos acontecimentos, e mostra que está atento a tudo o que está a acontecer no extremo norte de Moçambique. E não se esquece de Pemba, a capital da província, “uma cidade culturalmente muito bonita e com uma Igreja viva e jovem, mas num ambiente de muito sofrimento”, causado pelo terrorismo. Os primeiros ataques ocorrerem em Outubro de 2017 e provocaram já, assegura o bispo, “mais de 6 mil mortos e 1 milhão de deslocados”. Os ataques, que numa primeira fase foram quase que ignorados pelas autoridades, que durante muito tempo negaram a existência de um problema de segurança, obrigaram a Igreja a mobilizar os seus poucos recursos e a reinventar-se no socorro às populações. D. Luiz recorda agora também isso. “Nós tínhamos lá na Caritas, antes da guerra, 5 pessoas e passámos para 80 pessoas, tal o tamanho e a quantidade de trabalho e de recursos com que nós tivemos que lidar para atender as pessoas [vítimas] da guerra.”

Não esquecer Cabo Delgado

Ainda hoje, passados já quase seis anos desde o alarme causado pelos primeiros ataques terroristas, há pessoas, muitas vezes famílias inteiras, que continuam totalmente dependentes de ajuda, pois viram-se forçadas a fugir perdendo tudo o que tinham, abandonando as suas casas, os seus haveres. E D. Luiz pede para que a comunidade internacional continue a ajudar estes deslocados, estas vítimas do terrorismo em Moçambique. Um apelo que ganha importância principalmente desde que eclodiu, em Fevereiro de 2022, a invasão da Ucrânia. Desde então, muitas organizações de ajuda humanitária passaram a desviar as suas atenções para a guerra no centro da Europa e muitos outros conflitos, noutras paragens, muitas outras vítimas ficaram para segundo plano. Mas Moçambique, alerta o prelado, não pode ser esquecido. “As pessoas continuam ainda vivendo debaixo de lonas, nos quintais, vivendo de favor. As ajudas internacionais que, no início, depois que o Papa entrou, digamos assim, na guerra, [desde que] começou a falar da guerra de Cabo Delgado, as ajudas cresceram. Mas depois que começou a guerra entre Ucrânia e Rússia as atenções se voltaram para lá e agora há uma escassez de recursos, inclusive na Igreja, porque os recursos diminuíram muito”, disse D. Luiz Lisboa no final de Abril ao Vatican News.

Agradecimento à Fundação AIS

Esta não é a primeira vez que D. Luiz Fernando Lisboa recorda de forma apaixonada os anos de missão em Moçambique. Já no Brasil, pouco tempo depois de ter saído do país africano de língua oficial portuguesa, o Arcebispo falou para Lisboa, para a Fundação AIS, e em jeito de balanço referiu que a sua passagem pela diocese de Pemba foi “uma grande aprendizagem”. “Sempre quis trabalhar em África como missionário e Deus concedeu-me essa graça. E eu fiquei praticamente quase vinte anos… Quando nós mudamos de local, de lugar, temos de reaprender, que recomeçar, temos de respeitar as pessoas, a cultura, as línguas, o modo de ser e de estar e isso tudo nos enriquece. Tenho a certeza de que muito mais eu recebi do que dei…” E D. Luiz Fernando Lisboa faz questão de sublinhar também todo o apoio que, ao longo dos anos, a Diocese de Pemba tem recebido através da Fundação AIS. “Eu queria aproveitar para agradecer à AIS por todos esses anos de parceria, por toda a ajuda que já prestou, que já deu à nossa diocese. Da AIS e daqueles que colaboram com a AIS nós recebemos carros para os missionários, nós já recebemos ajuda para a formação de padres e seminaristas, para retiros, ajuda de subsistência para irmãs, projectos, agora no tempo da guerra, para a alimentação da população deslocada, projectos para a compra de material agrícola para o pessoal deslocado… e estamos ainda com alguns projectos em pleno desenvolvimento! Nesse tempo da guerra a AIS tem-nos ajudado muito com vários pequenos projectos que têm possibilitado ao nosso pessoal missionário trabalhar e levar o socorro às vítimas dessa guerra.”



PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

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